O Pokémon GO — o jogo mobile em que que os usuários “capturam” bichos virtuais no mundo real usando realidade aumentada e geolocalização — acaba de mudar de mãos.
A Niantic, a desenvolvedora do jogo que foi uma febre mundial nos últimos anos, vendeu sua divisão de games por US$ 3,85 bilhões para a Scopely, uma empresa da Califórnia que pertence ao Savvy Games Group, o braço de games do fundo soberano da Arábia Saudita.
A equipe de gaming será transferida para a Scopely, a segunda maior empresa do mundo em faturamento de games mobile depois da chinesa Tencent.
Fundada dentro do Google por funcionários que trabalhavam com aplicações de visualização de dados geoespaciais, a Niantic ganhou vida própria em 2015 e lançou o Pokémon GO no ano seguinte.
A venda do jogo sugere que a equipe de desenvolvimento do Pokémon GO não conseguiu encontrar uma forma de replicar ou perenizar o sucesso instantâneo que o jogo alcançou depois de seu lançamento, em 2016.
Para lançar o jogo, a Niantic licenciou a marca Pokémon da Nintendo, que também fez um aporte de US$ 30 milhões na Niantic numa Série A – a parceria entre as duas explica em grande parte o sucesso do negócio.
O game teve adoção imediata do público e até causou problemas legais, com jogadores invadindo propriedades privadas para procurar e capturar os pokémons que surgiam num mapa semelhante ao Google Maps.
Segundo dados da Statista, os melhores anos do Pokémon GO em termos de receita foram 2020 e 2021, quando as cifras se aproximaram de US$ 1 bilhão. Em 2024, esse número baixou para US$ 544 milhões. O jogo é gratuito, mas os usuários podem comprar itens que facilitam a jogabilidade.
Em termos de usuários, estima-se que o pico tenha sido na casa de 150 milhões, mas 20 milhões ainda jogam regularmente.
Depois do Pokémon GO, a Niantic lançou jogos com as marcas da NBA, Harry Potter e Marvel, mas nunca conseguiu replicar o sucesso do Pokémon GO, algo comum na indústria de games.
Historicamente, os valuations do setor sempre foram menores que o de outras empresas de tecnologia justamente porque os jogos têm um ciclo de vida incerto.
Depois de lançar vários jogos, quando finalmente encontram um hit as desenvolvedoras canalizam todos os seus esforços naquele jogo; mas quando o público eventualmente desengaja, a empresa fica sem alternativas.
Só costumam sobreviver as companhias que conseguem atualizar seus jogos conforme a tecnologia e o público mudam; ou que passam de desenvolvedoras a publishers, lançando outros jogos de sucesso; ou ainda as que conseguem criar sequels para seu game de sucesso.
No caso do Pokémon GO – um jogo limitado em termos de mecânicas e narrativa – a Niantic pode não ter conseguido melhorá-lo sem romper com a fórmula original que tornava o jogo divertido.
A empresa disse que vai se concentrar agora na construção de mapas 3D do mundo real através da Niantic Spatial.