Lula livre já está fazendo milagres.
Depois de meses criticando a vacina, o senador Flávio Bolsonaro postou hoje no Whatsapp uma foto de seu pai com a inscrição: “Nossa arma é a vacina”.
E exortou os seguidores: “vamos viralizar.”
Já o Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, elogiou a imprensa: “um papel fundamental que os senhores cumprem.”
Finalmente, como notou Samuel Pancher no Twitter, aconteceu “algo que não se via há meses: todo o primeiro escalão do governo — incluindo o presidente Jair Bolsonaro — usando máscaras em uma cerimônia no Planalto.” O evento era para sancionar lei que acelera a compra de vacinas.
As fotos do dia mostram um Governo correndo o mais rápido que pode para o centro do espectro político. Da noite para o dia, Bolsonaro parece ter entendido que o extremismo político paga dividendos decrescentes, e que vencerá a próxima eleição quem conseguir aglutinar mais setores da sociedade.
Lula, em seu discurso de hoje, bateu nos donos de jornal e televisão, disse que o Banco Central “tem que ficar nas mãos do Governo, e não do mercado,” e falou contra as privatizações.
O ex-presidente ainda parecia estar fazendo sua catarse, mas políticos profissionais e empresários esperam que ele eventualmente reencarne o ‘Lula paz e amor’ que ganhou em 2002.
Os próximos meses vão mostrar qual dos dois — o que tem o ‘histórico de atleta’ ou o que fez coisas ‘nunca antes na história desse País’ — consegue correr mais rápido.
Se confirmada, a mudança de personalidade de Lula e Bolsonaro vai deixar o candidato de centro (hoje, provavelmente, Eduardo Leite) com o discurso pronto: “Um agora finge que é centro, mas é a direita raivosa, o outro vai fingir que é centro, mas é uma esquerda atrasada.”
O Brasil conseguirá construir uma alternativa (real) de centro democrático?
As vaidades pessoais serão abandonadas em nome do projeto comum?
O centro se dividirá pelos defeitos de cada um, ou vai se unir naquilo que é substancial?
Conseguiremos o milagre de uma prática política republicana aliada a uma agenda econômica racional, ou vamos reeditar eternamente os ciclos populistas?
E, finalmente: você já está fazendo a sua parte?