A Meta lançou hoje o Llama 3.1, seu mais avançado modelo de inteligência artificial generativa – e colocando pela primeira vez um large language model de código aberto e gratuito para competir de igual para igual com o ChatGPT.

Com até 405 bilhões de parâmetros em sua versão mais poderosa, o Llama 3.1 é o maior modelo de linguagem open source de IA generativa já feito.

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Ao contrário das concorrentes, a Meta – dona de Facebook, Instagram e WhatsApp – escolheu investir no desenvolvimento de um sistema de código aberto para disputar a liderança em IA. 

Mark Zuckerberg, o fundador e CEO da Meta, publicou um texto no blog da empresa em que faz um paralelo de sua estratégia com a importância histórica do Linux no desenvolvimento da computação, e disse que o código aberto poderá ter papel semelhante na inteligência artificial. 

“O Linux, de código aberto, ganhou popularidade porque era gratuito e permitia que os desenvolvedores o modificassem. Com o tempo, ele se tornou mais avançado e mais seguro,” disse Zuck. “Hoje ele é o padrão de referência para computação em nuvem e para os sistemas operacionais da maior parte dos celulares. Acredito que a IA será desenvolvida da mesma maneira.” 

A Meta não divulgou o investimento feito na criação de seu mais avançado modelo de linguagem, mas, de acordo com os especialistas, é uma conta de centenas de milhões de dólares. O desenvolvimento precisou de 16.000 GPUs H100, os caros e disputados processadores da Nvidia. 

A aposta de Zuckerberg é que seu modelo gratuito vai destronar a liderança da OpenAI, cujo ChatGPT tem mais de 100 milhões de usuários

Segundo a Meta, o Llama 3.1 tem um desempenho similar ao do GPT-4o, e usá-lo para criar e rodar aplicativos sai pela metade do preço. 

A OpenAI, a Anthropic e o Google ganham dinheiro vendendo as licenças para que as pessoas tenham acesso a seus modelos mais avançados, ou para que os desenvolvedores possam criar aplicativos. 

Já a Meta terá receitas indiretas, por meio de parcerias comerciais com plataformas de ferramentas, como recursos de segurança, além de alguma remuneração de seus parceiros em serviços de nuvem. 

Mas a empresa trata esses ganhos como “incrementais” e não significativos. Argumenta que um modelo aberto e gratuito vai incentivar o aprimoramento da IA, porque poderá atrair um número maior de desenvolvedores e reduzir custos. 

“A partir do próximo ano, esperamos que os modelos do Llama sejam os mais avançados da indústria,” escreveu Zuck. 

O Llama 3.1 estará disponível para os desenvolvedores brasileiros, ao contrário do que acontece com as ferramentas de IA para aplicativos e redes sociais da Meta.

O assistente virtual, similar a bots como o ChatGPT, acaba de chegar a novos mercados, incluindo a maior parte da América Latina. Além do inglês, vai rodar em diversas outras línguas, incluindo francês, italiano e espanhol. 

Apesar de a ferramenta de IA da Meta ser versada em português, o seu lançamento será adiado no Brasil. Motivo: “inseguranças regulatórias locais.”

A Meta está sendo investigada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), pelo CADE e pela Secretaria Nacional do Consumidor em razão do suposto desrespeito à Lei Geral de Proteção de Dados e ao Código do Consumidor – mais especificamente, por causa do uso de informações dos usuários do Facebook, Instagram e WhatsApp no treinamento dos modelos.

A empresa enfrenta contratempos semelhantes na União Européia, e as ferramentas de IA da Meta também não desembarcaram por lá ainda.