Nem Jamie Dimon está imune a fraudes.
Pouco mais de um ano depois de pagar US$ 175 milhões pela Frank – uma startup que ajuda estudantes no processo de solicitar empréstimos estudantis – o JP Morgan está processando a fundadora da empresa por mentir sobre a escala do negócio durante a due diligence.
A alegação é de que Charlie Javice teria apresentado ao banco uma lista de 4,5 milhões de clientes – mas só 300 mil eram verdadeiros.
O banco entrou com o processo no final do ano passado numa corte em Delaware, segundo o The Wall Street Journal.
O documento diz que quando o JP Morgan pediu provas dos usuários durante a diligência, Javice primeiro negou o pedido, argumentando que não poderia compartilhar a lista de clientes por uma questão de privacidade.
Quando o JP Morgan insistiu, a empreendedora criou uma “enorme lista de falsos clientes com nomes, endereços, datas de aniversário e outras informações pessoais de 4,2 milhões de ‘estudantes’ que na verdade não existiam,” segundo a alegação no processo.
O chief growth officer da Frank, Olivier Amar, também é acusado no processo.
O JP Morgan diz que Javice e Amar pediram a um desenvolvedor da startup para criar a lista falsa. Depois que ele se recusou, a dupla fez uma oferta de US$ 18 mil a um professor de data science de Nova York, que aceitou a proposta. A acusação do banco inclui print screens de mensagens entre esse professor e Javice discutindo a melhor forma de fabricar a lista para que ela ficasse crível.
Segundo o documento, Amar também teria pago US$ 105 mil para comprar um data set com dados de 4,5 milhões de estudantes de uma companhia chamada ASL Marketing.
Na mesma semana em que o JP entrou com o processo, Javice respondeu com outro processo contra o banco – com uma história bem diferente.
Ela acusa o banco de iniciar uma série de investigações sobre sua conduta e depois “fabricar uma rescisão por justa causa,” forçando que ela saísse do JP Morgan e negando os milhões que ela tinha a receber.
“Depois que o JP Morgan comprou o negócio de grande potencial de Javice, o banco percebeu que eles não teriam como contornar as leis de privacidade de estudantes, cometeu uma má conduta e depois tentou cancelar o acordo,” o advogado de Javice disse à Forbes.
O acordo com o banco rendeu um belo retorno a Javice. O JP Morgan diz que ela recebeu perto de US$ 10 milhões como parte da venda e negociou US$ 20 milhões adicionais como um bônus de retenção a ser pago no futuro. Amar, o chief growth officer, recebeu US$ 5 milhões na transação e negociou um bônus de retenção de US$ 3 milhões.
No JP, Javice havia assumido o cargo de managing director dos produtos focados em educação, enquanto Amar era um diretor executivo da mesma área.
Outra bizarrice da história é a forma como o banco teria descoberto a fraude. Segundo o WSJ, o JP se deu conta da situação quando criou uma campanha de email marketing.
As mensagens enviadas para mais de 70% dos endereços de emails dos supostos clientes da Frank não conseguiram ser entregues com sucesso.