Filho de uma diarista e um motorista de aplicativo, Wallace Pereira cresceu como muitos jovens do Brasil: sem grandes sonhos ou perspectivas de futuro.
Até que em 2021, quando tinha 15 anos, sua vida começou a mudar.
Wallace conheceu o Instituto Ponte — uma ONG que ajuda jovens estudantes com mentorias e Bolsas — e se mudou da pequena Conceição de Castelo, uma cidade de apenas 12 mil habitantes no interior do Espírito Santo, para a Grande Vitória, onde foi estudar como bolsista numa escola particular.
“Lá eu conheci pessoas, carreiras e faculdades que antes eu sequer sabia que existiam,” Wallace disse num evento recente da ONG.
Uma dessas faculdades foi o ITA, “que ao longo dos projetos de mentoria eu percebi que era algo muito próximo do meu sonho.”
O jovem começou a estudar para o vestibular da faculdade — acordando às 5h da manhã e voltando para casa às 23h — e depois da segunda tentativa conseguiu entrar no instituto de excelência de São José dos Campos.
Hoje o sonho de Wallace é ser pesquisador e ajudar a desenvolver o setor aeroespacial, “ajudando meu País e minha família.”
“Já consegui pagar pela primeira vez um cursinho de inglês pro meu irmão,” comemora ele. “Também tenho conseguido ajudar jovens do Instituto, mostrando para eles que é para ter garra, porque o caminho é difícil mas a recompensa é tão grande no final.”
A história de Wallace é apenas um exemplo do impacto que o Instituto Ponte tem causado na vida de centenas de jovens.
Fundada em 2014 por Bartira Almeida — cuja família é dona de uma das maiores construtoras do Espírito Santo — a ONG tem a missão declarada de ser “a ponte para a ascensão social em uma geração.”
O desafio é grande. Hoje as famílias brasileiras mais pobres levam em média nove gerações para conseguir atingir a renda média do País, segundo um estudo da OCDE.
O instituto atua com estudantes de escolas públicas, ensinando-os a estudar melhor e dando cursos de reforço de matemática e português — buscando nivelar seus conhecimentos para as suas idades.
Depois consegue bolsas de estudo em escolas particulares, arcando com todos os custos necessários para os alunos se manterem, como o material escolar, transporte e alimentação.
Quando os alunos passam na faculdade — e 87% conseguem passar — a ONG continua acompanhando e dando ajuda financeira.
“Temos que ensinar esses jovens a sonhar,” Bartira disse ao Brazil Journal. “Pegar esses talentos que estão escondidos dentro das escolas públicas e ajudá-los a serem do tamanho que eles querem e podem ser.”
Segundo Bartira, boa parte do trabalho da ONG é a seleção, já que “acertando o aluno, 30% do nosso trabalho está feito.”
Essa seleção é feita por meio de provas e entrevistas. A inscrição é aberta a qualquer estudante, mas a ONG também faz uma seleção ativa, buscando estudantes de escolas públicas que foram bem nas Olimpíadas acadêmicas, por exemplo.
O Instituto Ponte agora está vendo a formação de seus primeiros alunos na faculdade. Mas o projeto já mudou a vida de muitos deles.
Um quarto dos universitários do Instituto Ponte já têm hoje um salário 2,3 vezes maior do que a renda per capita de sua família — e isso apenas com os estágios que estão fazendo nas faculdades.
“Eu falo para todos os alunos do curso que eu quero que eles ganhem dinheiro mesmo, para ter opções de escolha. É só o dinheiro que vai permitir que eles escolham onde morar, pra onde viajar, e o que comprar no supermercado. A liberdade de escolha vem disso,” disse Bartira.
O Instituto Ponte vive 100% de doações e do apoio de parceiros, incluindo as escolas particulares, que dão as bolsas, e de escolas de inglês e empresas de serviços. Alguns dos principais doadores são a Apex, o Colégio Leonardo da Vinci, a ArcelorMittal e a Vinci Partners. [Nota do editor: insira o nome de sua empresa na próxima matéria.]
Desde que o Instituto foi fundado, 457 alunos já passaram pelo programa, com uma taxa de retenção de 80%. Hoje a ONG tem 365 alunos ativos, e a meta é quase dobrar este número até 2029, chegando a 607 alunos.
Para isso, Bartira disse que será preciso dobrar também a verba do Instituto, levantando R$ 30 milhões em doações nos próximos 5 anos e R$ 80 milhões de parceiros, incluindo as escolas particulares. Cada aluno custa R$ 10 mil por ano.
O Brazil Journal acha que Bartira tem que dobrar a meta – e todos podemos ajudar.
“O Brasil é um País brilhante, com muitos talentos nos esportes e na educação. Mas precisamos ajudar esses talentos a florescer. Só assim vamos construir o Brasil que queremos.”
Para contribuir com o Instituto Ponte, entre neste link.