Na mais recente evidência de que a melhoria do sistema de saúde passa pelo uso de dados, a Microsoft acaba de fechar uma parceria com uma das maiores operadoras de saúde dos Estados Unidos.

O acordo vai unir os serviços de cloud e inteligência artificial da gigante de tech com a base de dados da Providence St. Joseph, dona de uma vasta rede de hospitais e clínicas.

O plano das duas empresas é analisar essas informações, gerar insights e usá-los para melhorar os resultados dos tratamentos e reduzir os crescentes custos médicos.

As aplicações são inúmeras. Peter Lee, o vp de healthcare da Microsoft, disse à Bloomberg que um dos trabalhos que já está sendo feito é com os registros médicos dos procedimentos cirúrgicos.

Analisando dados de todas as cirurgias de joelho que a Providence fez ao longo dos anos, a Microsoft encontrou variações gigantescas nos resultados e custos. Segundo Lee, “enquanto a satisfação dos pacientes com as cirurgias variou num fator de 10 vezes ao longo dos anos, o custo das operações chegou a ter variação de 200 vezes.”

Para piorar: as análises que a Providence vinha fazendo estavam gerando resultados pouco conclusivos. “Nossas premissas sobre o que causa os melhores resultados clínicos e os menores custos têm se mostrado equivocadas em cerca de 50% dos casos,” Rod Hochman, o CEO da Providence, disse à Bloomberg.

Lee disse que, usando sua tecnologia, a Microsoft conseguirá identificar os elementos comuns presentes nos tratamentos que obtiveram resultado ótimo, bem como os aspectos que impactam nos preços corrigindo assim as disparidades entre as operações.

Fundada em 1859 pela instituição católica Sisters of Providence, a Providence St. Joseph Health é uma das mais antigas operadoras de saúde dos Estados Unidos.

A rede começou com apenas um hospital em Washington e hoje opera 51 hospitais, 829 clínicas e tem uma base de mais de 119 mil médicos e profissionais da saúde integrados ao seu sistema. O salto de escala se deu em 2016, quando a Providence se fundiu com a St. Joseph, outra rede de hospitais ligada à Igreja Católica.

Desde então, a operadora vem tentando se posicionar como um sistema de saúde digital e não apenas uma rede de hospitais. Nos últimos anos, recrutou executivos experientes das principais empresas de tech. Seu chief digital officer, Aaron Martin, veio da Amazon, e seu chief information officer, B.J. Moore, trabalhou na Microsoft por mais de duas décadas.

A parceria com a Microsoft é mais um passo talvez o maior até agora em direção a esse modelo.

Câncer

As duas empresas também querem usar os dados para melhorar o tratamento dos pacientes com câncer. A Microsoft vai integrar todos os prontuários eletrônicos desses pacientes e analisar as informações com a ajuda da inteligência artificial.

“Hoje, esses dados estão em dezenas de sistemas de dados separados, coletados ao longo dos anos. Vamos integrar todos eles na nuvem para identificar padrões que podem nos levar a insights, diagnósticos mais rápidos e melhores possibilidades de tratamento,” disse Lee.

Outro plano é desenvolver um novo hospital high-tech, que estão chamando de “hospital do futuro”. Hochman disse à CNBC que o piloto do modelo será feito num hospital em Seattle, próximo da sede da Microsoft.

Uma das prioridades será a melhoria do prontuário eletrônico.

O objetivo é facilitar que médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde encontrem e compartilhem informações. “Todos os pacientes querem que os médicos e enfermeiros estejam o mais preparados possível quando estão tomando decisões,” disse Hochman. “Vamos trazer informações para eles no momento que precisam e teremos resultados melhores.”

A Providence e a Microsoft não são as únicas tentando usar a inteligência artificial para injetar eficiência no sistema.

Em março, a Amazon anunciou uma parceria com a rede de hospitais Beth Israel Deaconess, ligada a Harvard, para testar como sua inteligência artificial poderia simplificar os cuidados médicos e tornar o sistema mais eficiente.

Já o Google quer dar um passo ainda maior. Desde o ano passado, a empresa está desenvolvendo um algoritmo que usa inteligência artificial e machine learning pasmem para tentar prever quando um paciente irá morrer.