A Axel Springer, dona do tabloide alemão Bild e do Business Insider, está negociando com o fundo de private equity KKR um investimento estratégico que tiraria a empresa da Bolsa e daria fôlego para novas aquisições.

A oferta do KKR aos minoritários da empresa deve ser apoiada por Friede Springer — a viúva do fundador e maior acionista da Axel Springer — e pelo CEO Mathias Doepfner. Nenhum dos dois deve vender suas ações.

Com o anúncio, os papéis dispararam mais de 20% na Bolsa de Frankfurt, onde a Springer agora vale US$ 6 bilhões.

Fundada no fim dos anos 1940, numa Hamburgo destruída pela Segunda Guerra, a empresa se tornou em pouco tempo um dos maiores grupos de mídia da Alemanha. Hoje, é dona dos dois principais jornais do país, o Bild e o Die Welt (que somam 500 mil assinantes), e de mais de 20 sites de notícias e classificados.

Na última década, Doepfner, um jornalista que está há quase 20 anos no comando do grupo, vem liderando uma verdadeira transformação na empresa, reduzindo a importância dos veículos impressos e ampliando a oferta digital e os investimentos em mercados externos.

Em 2014, fez uma parceria com o Politico para lançar uma edição europeia do site americano; e, no ano seguinte, comprou o controle do Business Insider por US$ 343 milhões.

A aposta tem dado certo: hoje, mais de três quartos das vendas vem dos negócios digitais que inclui uma área de classificados e marketing. No ano passado, o Business Insider deu lucro pela primeira vez.

A receita também tem crescido, apesar da queda nas assinaturas dos jornais impressos. O segmento de classificados, cujas principais marcas são a Stepstone (de vagas de emprego) e a francesa SeLoger (de imóveis), cresceu mais de 20% em 2018.

O potencial investimento da KKR vem num momento de consolidação do mercado de mídia europeu, e deve dar poder de fogo à Axel Springer.

“Acreditamos que o interesse da KKR surgiu pelo potencial de uma futura consolidação da indústria”, uma analista da Berenberg disse à Bloomberg. “Tornar-se uma empresa privada poderia resolver o problema que a Springer enfrenta hoje em termos de sua habilidade para fechar grandes deals.”

Em 2015, a Springer teve  que abandonar um plano de fusão com a ProSiebenSat1 Media, outra gigante alemã de mídia; e, no mesmo ano, perdeu uma disputa com o Nikkei Group pelo controle do Financial Times.

No ano seguinte, Doepfner tentou implementar uma mudança no estatuto que permitiria usar equity para financiar aquisições sem diluir a participação dos controladores. Mas a mudança foi barrada pelos acionistas.

A entrada da KKR poderia resolver esse problema, pavimentando o caminho para futuros M&As. Um dos potenciais alvos, segundo a Bloomberg: a EBay.