A Endeavor anunciou hoje que criou uma rede para conectar empreendedores locais com brasileiros expatriados pelo mundo. O objetivo final: aumentar o número de “decacórnios” brasileiros – as empresas avaliadas acima de US$ 10 bilhões.

A criação desta rede é o primeiro movimento de Anderson Thees no comando da Endeavor Brasil no sentido de criar um ecossistema global para os empreendedores brasileiros – o que ajudaria a desenvolver, na visão do executivo, um ambiente para o surgimento de novas empresas brasileiras globais, como o Nubank e a Wellhub (a antiga Gympass). 

A ideia da Endeavor é transformar os brasileiros que vivem fora do País – que a Endeavor chama de “empreendedores de diáspora” – em uma espécie de rede de apoio às scale-ups nacionais.

“Queremos que cada empreendedor brasileiro que esteja começando hoje acredite que pode construir uma empresa global. E que, quando chegar lá, saiba exatamente como ajudar outros a fazerem o mesmo,” Thees disse ao Brazil Journal.

Anderson Thees

Segundo ele, apesar da Endeavor já ter presença em mais de 45 países, ainda faltava uma conexão maior entre os escritórios – e principalmente, entre os empreendedores brasileiros que trabalham fora do Brasil. 

A estratégia, inspirada em planos bem-sucedidos realizados pela Endeavor na Turquia e na Grécia, consistiu no mapeamento de todos os brasileiros que estão liderando companhias fora do País.

A pesquisa da Endeavor mostrou que a maior parte das startups brasileiras no exterior ainda estão nas fases seed (28%) ou pre-seed (22%). 

Para eles, os grandes desafios para empreender fora do Brasil são a dificuldade de construir networking (81%) e a adaptação à cultura local (74%). O acesso a capital (37%) é visto como apenas o terceiro maior desafio. 

Para endereçar esse problema, a Endeavor identificou 400 brasileiros atuando fora do País – entre fundadores, investidores e executivos. Cerca de 7% dos empreendedores da Endeavor Brasil são “diásporas”.

Esses brasileiros lideram empresas em 31 países e 138 cidades, sendo que a maioria (60%) atua na América do Norte. Mas há também uma grande comunidade de brasileiros em países como Inglaterra, Portugal, Emirados Árabes e Singapura. 

Agora, a maior parte deles estará disponível para ajudar os empreendedores ligados à Endeavor. São nomes como Fabricio Bloisi (fundador da Movile e hoje CEO da Prosus), César Carvalho (fundador da Wellhub), Mariano Gomide (VTEX) e Henrique Dubugras (Brex).

“Tem empreendedor nosso desenvolvendo robótica para agricultura e precisando de mentoria específica,” disse Thees. “Se não tem esse know-how no Brasil, vamos buscar na nossa rede global. Muitas vezes esse especialista é um brasileiro que já viveu exatamente esse ciclo fora.”

O projeto vai começar por meio de uma parceria com a BayBrazil, uma associação criada no Vale do Silício para servir como um hub para brasileiros.

A parceria prevê encontros periódicos entre empreendedores, investidores e executivos brasileiros baseados nos Estados Unidos, com o objetivo de fomentar conexões por meio de mentoria, investimento ou doações.

A iniciativa da Endeavor Brasil está alinhada à “Visão 2035”, o plano global da organização para a próxima década. A Endeavor quer sair dos atuais 45 países para mais de 100 — e o Brasil, segundo Thees, quer se manter como um dos escritórios mais relevantes da rede global.