A Petz conseguiu uma unanimidade: todo analista de sellside que acompanha a companhia ficou decepcionado com o resultado do segundo tri.
A ação da varejista mergulha quase 8% nesta quinta-feira, na contramão de um mercado em alta. É a maior queda intraday desde junho de 2022.
A ação da companhia agora voltou ao patamar que estava antes do anúncio da fusão com a Cobasi, que segue em processo de due diligence.
No segundo tri, a Petz reportou uma alta de 3,8% nas vendas brutas para R$ 981 milhões – 2,2% abaixo do consenso.
Boa parte dessa alta veio por causa do crescimento de 29,2% das vendas pelo e-commerce, que passaram a representar 44,4% das vendas da empresa – um crescimento de 8,7 pontos ano contra ano.
As lojas físicas, por sua vez, encolheram 10,2% na comparação anual.
O problema mora aí: a Petz vem travando uma disputa feroz na internet, mas não só com seus concorrentes diretos – mas também com os marketplaces (Mercado Livre, Amazon e Petlove).
O resultado é uma competição cada vez menos racional pelo bolso dos ‘pais de pet’, o que machuca as margens.
“Mesmo crescendo na internet, a Petz vem perdendo market share para os marketplaces. Está difícil ser otimista com a tese,” disse um gestor que acompanha a ação.
Afetado pelas margens menores do e-commerce e também pelo aumento do ICMS, o EBITDA ajustado da Petz caiu 7,5% no tri para R$ 60 milhões, enquanto o consenso apontava para uma alta de 5% ano contra ano.
A margem EBITDA caiu 40 bps para 6,1% – o mercado esperava uma alta para 6,8%.
Para completar, o bottom line desabou 80% na comparação anual e fechou em R$ 5 milhões.
Como sinal positivo, o CEO Sergio Zimerman disse na carta aos investidores que há uma tendência de melhora das vendas, que os números de julho e agosto são “os melhores do período”, e que está otimista para o segundo semestre.
O mercado, no entanto, prefere aguardar.
“A informação de que as vendas melhoraram provavelmente fará com que os investidores se concentrem em quanto essa melhoria poderá significar para o segundo semestre de 2024, mas acreditamos que os investidores focarão na atualização da fusão com a Cobasi,” escreveu a analista Irma Sgarz, da Goldman Sachs.
Junto com os resultados, a Petz disse que as companhias já cumpriram “uma extensa agenda de cálculo de sinergias” e que o período para negociação exclusiva entre elas termina em 23 de agosto – mas é prorrogável por 30 dias.
Enquanto a empresa não divulga, o mercado calcula por conta própria. A analista Danniela Eiger, da XP, estima que a nova companhia teria que fechar 38 das 482 unidades totais – e 90% dos fechamentos aconteceriam em São Paulo.
Os analistas não enxergam que haverá remédios amargos por parte do CADE, dada a pulverização do setor.
Porém, com a ação caindo a um dos patamares mais baixos da história, tem gestor que acredita que a fusão pode nem acontecer.
“Eles colocaram o preço de referência a R$ 7,10 e o deal é non-binding, então não teria penalidade alguma. Meu chute seria que esse deal não vai sair,” disse um gestor.
A Petz cai 35% nos últimos 12 meses. A varejista vale R$ 1,6 bilhão na B3. O papel negocia hoje a R$ 3,53.