Existe Life após a morte?

Ao menos para a emblemática revista, que voltará a ser publicada em versões impressas, a resposta é sim.

O título acaba de ser comprado pela modelo e empreendedora Karlie Kloss e seu marido, Josh Kushner, o investidor de VC e fundador da Thrive Capital.

Segundo o DealBook, do New York Times, Kushner e Karlie vão adquirir os direitos da marca Life, hoje nas mãos da editora Dotdash Meredith.

O negócio será fechado por meio da Bedford Media, a startup de mídia fundada e comandada por Karlie. Os valores não foram informados. 

Recentemente, a Bedford também comprou a revista moderninha i-D, que pertencia à Vice Media.

Josh é o irmão mais novo de Jared Kushner, genro de Donald Trump.

Sua empresa de investimentos, a Thrive Capital, já levantou oito fundos, administra US$ 14 bilhões e atraiu sócios de peso, como Bob Iger e Jorge Paulo Lemann. Em seu portfólio estão a OpenAI e o Nubank. 

Agora, o dinheiro que busca alocações nas empresas mais inovadoras do planeta vai ressuscitar uma revista que há mais de duas décadas deixou de ser publicada regularmente. 

“Vemos a Life como uma voz inspiradora e de união, em um cenário de caos na mídia,” Karlie disse em um comunicado. “A Bedford é uma empresa nova de mídia, mas somos profundamente inspirados pelo legado icônico da Life e sua habilidade de conectar diversos públicos com narrativas humanas e universais.”

Em um tempo em que os televisores ainda não eram ubíquos e a internet não fazia nem parte da imaginação, a Life era uma das publicações que levavam o mundo para dentro da casa das famílias da classe média americana. 

Fotógrafos renomados – como Robert Capa –  trabalharam para a revista, que, como lembra o NYT, também tinha a contribuição regular de escritores consagrados.

O romance O velho e o mar, de Ernest Hemingway, foi publicado pela primeira vez nas páginas da Life em 1952.

A partir dos anos 70, entretanto, a publicação entrou em declínio. Antes semanal, passou a ser mensal – até sair das bancas e aparecer eventualmente em edições especiais.

Mas a Life ainda vive na internet. Em seu site o leitor encontra ensaios fotográficos históricos de seus arquivos, com celebridades da música e dos esportes, e instantâneos da vida cotidiana e das transformações sociais nos EUA.

Fundada originalmente em 1883 com ilustrações de artistas como Norman Rockwell, a Life ganhou seu formato icônico, focado em fotografias, a partir de 1936, quando foi comprada por Henry Luce, o criador e publisher da Time.

Inúmeras fotos que apareceram em suas páginas ajudaram a definir uma época e impactaram gerações.

Talvez a imagem mais famosa de seu acervo é um flagra do fotógrafo Alfred Eisenstaedt em agosto de 1945. Com a Times Square tomada pelos festejos da vitória contra o Japão na Segunda Guerra, uma enfermeira se joga aos braços de um marinheiro, em um dos beijos mais simbólicos da história.