O Nubank reportou mais um trimestre com um resultado robusto — superando com folga as projeções dos analistas.
“Continuamos crescendo acima de três dígitos, mais de 100% ao ano, e com a maior rentabilidade do Brasil,” o CEO David Vélez disse ao Brazil Journal.
O banco do cartão roxo entregou um lucro de US$ 142 milhões (com ROE de 11%), revertendo um prejuízo de US$ 45 mi um ano atrás. No sellside, o consenso era de um lucro de US$ 66 mi.
Excluindo a operação do México e Colômbia, que ainda são deficitárias, o ROE do Nubank teria sido de 37%, maior que o do quarto tri, quando o banco reportou um ROE no Brasil de 35%.
A ação sobe 7,7% no after market em Nova York, depois de uma alta de 4,8% durante o pregão regular.
O CFO Guilherme Lago disse que o lucro teve três grandes alavancas.
A receita em 12 meses mais que dobrou, passando de cerca de R$ 800 milhões para R$ 1,6 bi; o lucro bruto cresceu 120%, com a margem passando de 33% para 40%, bem mais que o crescimento de 12% das despesas; e o custo de funding mergulhou, de cerca de 100% do CDI para 80%.
“A margem bruta subiu porque tivemos uma inadimplência super dentro das expectativas e sem provisionamento acima do esperado,” disse Lago.
No trimestre, o NPL de 15 a 90 dias subiu 0,7 ponto percentual para 4,4%, enquanto o NPL de mais de 90 dias subiu de 5,2% para 5,5%.
Segundo Lago, o primeiro tri tem uma sazonalidade negativa no cartão de crédito, dado que as pessoas têm despesas maiores com IPVA e IPTU, por exemplo. Isso costuma afetar o NPL negativamente em 0,8 ponto.
“O cartão de crédito veio em linha com a sazonalidade, mas o crédito pessoal veio melhor do que esperávamos e por isso aceleramos a originação,” disse o CFO.
No quarto tri, o Nubank já havia acelerado a originação do crédito pessoal de cerca de R$ 4,7 bi para R$ 5 bi. Nesse tri, a originação aumentou em mais 20%.
Outro destaque foi o chamado índice de eficiência, que mede o quanto a empresa precisa gastar para fazer uma determinada receita. No trimestre, o Nubank reportou um índice de eficiência de 39%, em comparação aos 47,4% do quarto trimestre. No (já distante) primeiro tri de 2021, esse índice era de 92%.
“Dos grandes bancos, com certeza é o melhor índice de eficiência,” disse Lago. “E se pegarmos só Brasil, excluindo as despesas de Colômbia e México, esse índice cairia para 37%.”
O resultado vem um mês depois do Nubank lançar seu produto de crédito consignado e duas semanas depois do banco lançar a NuCuenta no México.
Segundo Lago, as duas iniciativas estão indo “super bem.”
No consignado, o CFO disse que os resultados não vão fazer a diferença no segundo ou terceiro trimestre, “mas nos próximos dois ou três anos pode ser um produto relevante.”
“E se olharmos o CPF dos nossos clientes hoje, eles já representam 31% do portfólio de consignado do Brasil. Então não precisamos pescar fora.”
No México, o CFO disse que em duas semanas de lançamento a NuCuenta já atingiu 500 mil clientes. “Ela é relevante por dois motivos: no cartão falamos ‘não’ para várias pessoas, na NuConta falamos ‘sim’ para todas,” disse ele. “Além disso, adquirimos muitos dados dos clientes e depósitos.”
O Nubank adicionou 4,5 milhões de clientes no trimestre, chegando a 79,1 milhões – mas já superou os 80 milhões depois que o tri terminou.
O Índice de Basileia no Brasil fechou em 18,7%, bem acima do mínimo exigido pelo Banco Central de 10,5%.