O Nubank, atualmente espalhado por três endereços em São Paulo, tem estudado o mercado imobiliário da cidade para se estabelecer em uma sede única, fontes a par do assunto disseram ao Metro Quadrado, o site que o Brazil Journal lançará em breve para cobrir o mercado imobiliário.

Segundo essas fontes, o desejo do fundador David Vélez é que o banco se instale em um prédio icônico, chamativo o suficiente para que os transeuntes parem para tirar fotos, em linha com o perfil da marca, que tem uma comunidade de fãs.

Embora diferentes lugares estejam sendo analisados, uma coisa é certa: não será na avenida Faria Lima. Duas pessoas que conversam com Vélez sobre o tema dizem que ele “não quer fazer nada parecido com algo que um bancão como o Itaú faria.”

O Nubank foi fundado em 2013 em uma casa no Brooklin, e hoje é inquilino de dois prédios na rua Capote Valente, em Pinheiros, um quase de frente para o outro, e de um terceiro na Vila Leopoldina, inaugurado em 2022 no Sparks – um complexo misto que abriga áreas corporativas, de lazer e gastronomia, e é gerido pela Altre, a plataforma de investimentos imobiliários da Votorantim.

O Nubank também tem escritórios no México, Colômbia, Argentina e Alemanha – e domicílio legal nas Ilhas Cayman, que Vélez diz estudar mudar para Londres.

Tanto a unidade da Vila Leopoldina quanto o prédio principal da Capote Valente – este desenvolvido pela Idea!Zarvos – recebem boa parte dos quase 8 mil funcionários do banco, que trabalham em um regime híbrido muito específico: uma semana de trabalho presencial e sete de home office.

Ainda que os estudos sejam embrionários, o Nubank tem sido assediado por incorporadoras com atuação em São Paulo que querem fazer negócio com o maior banco digital do País.

Uma das possibilidades na mesa é que a sede única do Nubank seja na própria Vila Leopoldina, ainda que o bairro não seja dos mais centrais para receber curiosos interessados em tirar fotos da sede do banco.

Se for este o caminho, o Nubank poderia ampliar o escritório já existente (um galpão adaptado) ou fazer um novo projeto do zero. O principal entrave é a lei urbana para a região, que limita o potencial construtivo. Na Vila Leopoldina, a área construída não pode ser maior que a do próprio terreno, o que resulta em edificações baixinhas.

Há uma expectativa, porém, de que isso mude ainda este ano, já que a Prefeitura de São Paulo está preparando um Plano de Intervenção Urbana (PIU) para a Vila Leopoldina que aumentaria o potencial construtivo para 6 vezes o tamanho do terreno.

O plano envolverá um leilão para que investidores apresentem projetos de empreendimentos para um perímetro específico – que devem incluir, como contrapartida, a construção de habitações sociais para as comunidades no entorno. Segundo a Prefeitura, o leilão deve ocorrer nos próximos meses.

Já há alguns anos a Vila Leopoldina tem atraído empresas que buscam um destino alternativo, mais barato que os bairros já consolidados. A WPP, uma gigante da publicidade, acaba de terminar a construção do seu campus para reunir 26 agências e 7 mil profissionais.

A região de São Paulo na qual a Vila Leopoldina está inserida (que inclui também o bairro de Pinheiros) tem uma taxa de vacância de 9% para escritórios A e A+ e um aluguel médio de R$ 102 por metro quadrado, segundo dados da Colliers.

Um dos problemas que o mercado vê no bairro é a infraestrutura insuficiente de mobilidade, saneamento e serviços públicos, que podem limitar o crescimento planejado. Além disso, o próprio PIU exigirá cuidados na realocação das comunidades, diz Ygor Crispim, gerente de escritórios da Colliers no Brasil.

Ainda assim, ele vê a região com potencial. “A Vila Leopoldina reúne características que favorecem sua revitalização, como grandes terrenos concentrados em poucos proprietários e uma localização privilegiada”, afirma. “Se bem conduzido, o PIU pode transformar a Vila Leopoldina em um polo de desenvolvimento sustentável.”

O Nubank disse ao Metro Quadrado não ter planos imediatos para modificar sua estrutura de escritórios em São Paulo nem seu modelo de trabalho híbrido. “O setor responsável realiza continuamente diversos estudos e consultas de mercado para o planejamento de longo prazo da empresa e suas necessidades operacionais futuras. Tais estudos não devem ser considerados como decisões ou planos concretos.”

Esta e outras matérias sobre o mercado imobiliário estarão em breve no Metro Quadrado, assine a newsletter aqui.