Uma droga experimental demonstrou resultados efetivos em retardar os efeitos do Alzheimer, diminuindo a perda das funções cognitivas entre os pacientes que participaram dos testes clínicos.
O medicamento – chamado lecanemab e desenvolvido pelos laboratórios Eisai e Biogen – conteve o avanço da doença em 27%, quando se compara ao observado no grupo de controle. O teste, feito ao longo de 18 meses, envolveu 1.795 pacientes com sintomas iniciais de Alzheimer.
“Não é um efeito enorme, mas é um efeito positivo,” disse à Reuters Ronald Petersen, diretor do centro de pesquisa em Alzheimer da Mayo Clinic.
Foram avaliados funções como memória, orientação espacial e resolução de problemas. Os testes estão na fase 3, a última antes de sua possível aprovação pelas agências reguladoras.
O lecanemab é um anticorpo que ataca placas amiloides, depósitos de proteínas que são tóxicas para os neurônios e as sinapses. De acordo com os pesquisadores, essa é uma das prováveis causas do Alzheimer.
O laboratório japonês Eisai, que lidera a pesquisa em parceria com a Biogen, busca a aprovação do Federal Drug Administration (FDA) para que o medicamento chegue em breve ao mercado. A decisão do FDA deve sair até março.
Especialistas comemoram os resultados, porque, embora modestos, poderão abrir uma nova frente para o desenvolvimento de terapias contra a doença. Eles também marcam uma vitória depois de anos de pesquisas que não vingaram.
A notícia impulsionou as ações das companhias. A Biogen subia 47% no pre-market. Os papéis da Eisai subiam 17% e atingiram o limite de alta permitido na bolsa de Tóquio.
Os mesmos laboratórios desenvolveram o Aduhelm, nome de mercado do aducanumab, outro medicamento contra o Alzheimer. Ele já vem sendo usado nos Estados Unidos, depois da aprovação do FDA no ano passado, mas seus efeitos são controversos na comunidade médica.
Nos Estados Unidos, o número de pessoas com Alzheimer deverá dobrar nos próximos 30 anos, atingindo 13 milhões de pessoas. No Brasil, existem 1,2 milhão de pacientes.
Em todo o mundo, são 50 milhões de pessoas diagnosticadas e, caso não surja um tratamento efetivo, o total poderá chegar a 131 milhões até 2050, de acordo com a Alzheimer Disease International.