Os bancos encarregados do IPO da Caixa Seguridade dirão ao Governo nesta segunda-feira que a operação só vai adiante se o Governo se contentar que a empresa seja avaliada na faixa de 12 bilhões a 16 bilhões de reais, cerca de metade da expectativa inicial, de 30 bilhões de reais.
Desde que Joaquim Levy assumiu o cargo, uma das prioridades do Ministério da Fazenda passou a ser a venda de ativos — como a BR Distribuidora, a resseguradora IRB Brasil RE e a Caixa Seguridade — para ajudar no ajuste fiscal.
Pelo andar da carruagem, nenhuma das três vai sair este ano.
O IPO da Caixa Seguridade era considerado um tiro certo. A empresa é o quarto maior grupo segurador do País, reunindo as participações societárias da Caixa nos ramos de seguridade e corretagem de seguros, e é líder no segmento de seguros habitacionais.
O negócio é parecido com o da BB Seguridade, cujo IPO foi um enorme sucesso, e o Governo achava que a venda poderia ser feita rapidamente, até outubro.
A Caixa e a Fazenda montaram um exército de bancos para formatar e vender a operação aos investidores: Banco do Brasil, Goldman Sachs e UBS na primeira linha; Itaú BBA, Bradesco, Brasil Plural e Santander na segunda linha; e Citi, Bank of America-Merrill Lynch e BTG Pactual na terceira. Os bancos trabalham na operação desde maio.
Em julho, quando o mercado já estava fraco mas o dólar ainda sob controle, os bancos fizeram reuniões preliminares com alguns investidores (um processo chamado de ‘pilot fishing’), e o feedback foi positivo.
Agora, com a piora da economia e a queda ainda maior da Bolsa e o agravamento dos escândalos nas estatais, os bancos estão ouvindo dos investidores que o preço que estão dispostos a pagar caiu pela metade.
Há alguns meses, a Caixa ainda negociava com sua sócia francesa, a CNP Assurances, para renovar um acordo pelo qual a CNP paga à Caixa para vender seus seguros com exclusividade. De lá para cá, as conversas foram suspensas para não atrasar o IPO. Os bancos achavam que, sem a exclusividade, a Caixa conseguiria captar de 2 a 4 bilhões de reais a mais, mas agora nem isso está acontecendo.
Para piorar as coisas, os principais executivos da Caixa Seguridade não falam inglês (o que dificulta vender a empresa lá fora) e, no entender do sindicato de bancos, ainda não estão preparados para ‘impressionar’ os investidores.
Dentro desse cenário, esse IPO só vai adiante se o Governo aceitar dividir a meta. Por dois.