Ibrahim Hajjar, o todo-poderoso chefe da área de ‘fund of funds’ do Credit Suisse Hedging-Griffo, está deixando o banco.

Diego Fonseca, COO do private banking do CSHG e que já era responsável por produtos ilíquidos e ativos alternativos, passará a liderar a área depois da saída de Ibrahim, que deve acontecer em maio.

Nos últimos anos, a escala do private banking do Credit Suisse — que administra R$ 110 bilhões no Brasil — fez de Ibrahim um dos executivos mais cortejados da indústria de fundos de investimento do País, com o poder de permitir o nascimento (ou levar ao esvaziamento) de novas gestoras.

O mercado estima que Ibrahim tinha poder (parcial ou total) sobre cerca de R$ 30 bilhões em fundos multimercados e fundos de ações distribuídos pelo CSHG.

Seu trabalho: escolher quais gestoras entrariam na prateleira do Credit Suisse, negociar a comissão do banco pela distribuição dos fundos (o ‘rebate’) e decidir quanto dinheiro de clientes levar para cada gestora.

Hoje com 38 anos, Ibrahim apoiou a criação (e em alguns casos foi instrumental no crescimento rápido) de gestoras como a Advis (que implodiu depois de um início espetacular), SPX Capital, Adam Capital, Truxt, Canvas, Gauss e, mais recentemente, a Miles Capital.

Apoiado nos ‘deep pockets’ do CSHG — que compete diretamente com o Itaú e mais recentemente com a XP na distribuição de fundos — Ibrahim influía pesadamente na formatação do negócio, dizendo aos gestores como formatar seu produto, as taxas que deveriam cobrar, os prazos de resgate e até o nível de volatilidade que deveriam se permitir para que o produto se tornasse mais vendável na estrutura do CS.

Muitos gestores que caíram nas suas graças multiplicaram seus ativos sob gestão; outros se sentiam reféns.

“Ele obrigava os gestores a ficar presos numa caixinha, numa só estratégia, e muitos se submeteram,” diz um gestor. “Isso acabou tornando boa parte da indústria uma commodity e dificultando a diferenciação entre as casas.”

Muitos gestores que tentaram captar junto ao CSHG narram uma cena típica: enquanto faziam ‘o pitch de sua vida’, Ibrahim mal fazia ‘eye contact’.  Roía as unhas e ficava olhando a tela do celular, para frustração do pedinte.

“Ele gostava de testar as pessoas, de ver se eles iam se defender, se bateriam de frente com ele,” diz outro gestor.

Este estilo, pelo menos, não vai deixar saudades.