Matopiba – a região de 73 milhões de hectares que engloba o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – é uma das áreas agrícolas que mais crescem no Brasil.

De lá saíram 32 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/2025, e a produção na região cresce em média 10% ao ano. Para cultivar mais grãos são necessárias mais máquinas agrícolas que, por sua vez, precisam de combustíveis. 

E é justamente no meio do Matopiba que a Ultracargo – a maior empresa independente de armazenagem de granéis líquidos do País – acaba de iniciar as operações de seu terminal em Palmeirante, no Tocantins.

Com investimento de R$ 161 milhões, a unidade liga a região ao Porto do Itaqui, no Maranhão, por meio de linhas ferroviárias da VLI. Cerca de 30% dos combustíveis consumidos no Brasil passam por Itaqui, e já está prevista uma expansão na capacidade de tancagem do porto em 2026.

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No projeto da Ultracargo, a empresa precisou construir um desvio de 1,6 quilômetro para se conectar à infraestrutura da VLI. 

O terminal de Palmeirante tem capacidade de 23 mil metros cúbicos, distribuídos em 13 tanques (12 destinados a combustíveis e biocombustíveis e um para o sistema de combate a incêndio). 

O principal objetivo do terminal é levar combustíveis e biocombustíveis para abastecer as máquinas agrícolas nas fazendas e as unidades industriais no Maranhão, Tocantins, Pará e Mato Grosso. 

O novo terminal representa uma alternativa logística para cerca de 35% da região, eliminando a necessidade de viajar 300 quilômetros até Porto Nacional, no Tocantins, onde antes os distribuidores tinham que buscar o combustível. Distribuidores baseados em outras regiões tinham que viajar ainda mais longe – gastando combustível para pegar combustível.

A mudança não apenas reduz o tempo de viagem, mas também otimiza as operações de manobra tanto na origem quanto no destino.

“Ao fazer a conexão do porto com o terminal pela ferrovia, sai das estradas uma frota muito grande de caminhões que antes supriam todo aquele eixo central do Matopiba, que agora passa a ser atendido de uma forma mais eficiente,” disse Fulvius Tomelin, o presidente da Ultracargo. 

Além de abastecer a região com combustíveis, o terminal deve se tornar um ponto importante para o escoamento do etanol de milho e de cana, uma produção que está crescendo na região. 

A demanda por derivados e biocombustíveis na região apresenta uma taxa de crescimento anual estimada em 4%, podendo atingir cerca de 3,3 milhões de metros cúbicos até 2030.

Dois grandes projetos no Tocantins estão na área de influência da unidade de Palmeirante. Em Miranorte, um projeto de etanol de milho, com capacidade para produzir 220 mil metros cúbicos por ano, deve receber um investimento de R$ 1,1 bilhão. A previsão é que seja inaugurado em 2027. 

Não muito longe dali, em Pedro Afonso, a BP Bunge está fazendo uma expansão da usina de etanol de cana que irá consumir R$ 530 milhões. A ampliação deve ficar pronta em 2026 e passará a processar 3,4 milhões de toneladas de cana por safra, um aumento de 30%.

“A região tem uma necessidade muito grande de diesel e, ao mesmo tempo, é um polo de produção de biocombustíveis, como o etanol. Ao oferecer uma estrutura logística eficiente, conseguimos reduzir custos, dar previsibilidade e impulsionar a produtividade local,” disse Tomelin. 

A inauguração de Palmeirante faz parte da estratégia da Ultracargo de interiorizar sua atuação e conectar polos produtivos ao mercado consumidor. Hoje a companhia já opera em Rondonópolis (MT), Paulínia (SP) e em importantes portos como Santos, Rio de Janeiro, Aratu, Suape, Itaqui e Vila do Conde. A capacidade de armazenagem total supera 1 milhão de metros cúbicos. 

Em 2025, a Ultracargo deve investir R$ 673 milhões, mais ou menos o mesmo capex do ano passado. Em ambos os anos, 83% dos investimentos foram dedicados à expansão de capacidade operacional e novos terminais.