O Next está colocando em marcha uma estratégia para expandir sua oferta de produtos — incluindo o lançamento de um marketplace com cashback — num momento em que o banco digital criado pelo Bradesco acaba de bater a marca de 7 milhões de clientes. 

A base de usuários quase dobrou desde o início do ano, quando o Next tinha 3,7 milhões de correntistas. 

11659 98b821f3 17a8 8a80 004c 3276d84841fbO CEO Renato Ejnisman disse ao Brazil Journal que o banco digital está adicionando 23 mil novas contas por dia útil e espera fechar o ano com 10 milhões de clientes — o que tornaria o Next o quinto banco digital do País, depois do Nubank, Inter, Pan e Neon.

“O nosso grande salto vai vir agora em novembro, quando vamos lançar o nosso marketplace,” disse Renato. “Queremos que ele esteja funcionando para a Black Friday e vamos nos diferenciar pela usabilidade, experiência e pelo uso de cashback.”

Para liderar o marketplace, o Next acaba de contratar Leandro Zuntini, que trabalhou quatro anos na Netshoes e foi o head do marketplace de esportes do Magazine Luiza depois da aquisição. 

Obviamente, o Next não está reinventando a roda. 

A estratégia de monetizar a base de clientes com um marketplace e produtos não-financeiros começou no Brasil com o Inter há dois anos, e desde então tem sido adotada por diversos concorrentes. 

Ainda assim, o movimento é um passo importante na estratégia do Next de se tornar uma plataforma digital completa — que começou a ganhar força nos últimos seis meses quando Renato, o ex-diretor responsável pela Bradesco Asset Management, assumiu como CEO. 

Apesar da estratégia, Renato disse que o Next não quer ter um “super app”. 

“Esse é um termo que acho que se aplica a algumas poucas empresas na China,” disse ele. “O que temos certeza é que a fronteira entre os setores está ficando cada vez mais tênue. Nossa visão é que você tem que ter um ecossistema com escala e oferecer o máximo de experiência para seus clientes, entendendo os momentos do dia que você pode ajudar.”

“Se o cliente está ali olhando seu saldo, fazendo um PIX ou um investimento, ele pode naquele mesmo momento querer fazer uma viagem ou uma compra.”

Desde que Renato assumiu, o Next expandiu a oferta de produtos financeiros, adicionando seguros, novos fundos de investimentos e a opção de pagar com o Whatsapp Pay. 

Em crédito, o Next ampliou a oferta na baixa renda, oferecendo cartões com limites menores, ao mesmo tempo em que aumentou a atratividade para a alta renda, aumentando os limites para esse público. Segundo o CEO, só com essas mudanças “temos potencial de aumentar em 125% a nossa carteira de crédito.” 

Parte do crescimento da base de clientes do Next teve a ver com uma campanha criada pela R/GA São Paulo estrelando a humorista Tatá Werneck, que passou a atuar como embaixadora da marca e consultora informal do banco. 

Mas a expansão dos produtos e as melhorias na experiência do usuário também tiveram um papel fundamental, já que tornaram o banco mais atrativo para potenciais clientes, segundo Renato.

O CEO diz que nos últimos meses o Next conseguiu reduzir drasticamente o tempo que um novo cliente leva para abrir uma conta. Hoje, 75% dos novos clientes conseguem abrir a conta em até 24 horas, em comparação a 28% em janeiro. 

“Fizemos um trabalho muito grande de reengenharia do processo como um todo e de automatização do backoffice. Antes, eram muitas etapas para abrir a conta,” disse ele. “Queremos ter uma experiência que tenha a velocidade que nossos clientes querem. Para isso, temos que ter uma cultura de experimentação, de revisar o que temos e fazer o tempo todo testes A/B.”

O resultado de todas essas medidas foi um crescimento do volume transacionado em toda a plataforma (TPV) — que subiu 163% no segundo trimestre, na comparação anual — e uma redução tanto do custo de aquisição de clientes (CAC) quanto do ‘custo de servir por cliente’, que caíram 32% e 31%, respectivamente. 

Uma das possibilidades para o futuro do Next é um IPO.

“Se você olhar a trajetória das plataformas digitais, até elas terem escala para se tornar rentáveis, o consumo de capital é muito grande,” disse Renato. “Então, no fundo, é uma decisão do Bradesco se eles querem continuar financiando o negócio ou se querem buscar um IPO ou um sócio, que acho que é o caminho que eles querem.”