A Nestlé Brasil acaba de comprar a Puravida, uma marca independente de produtos de nutrição, saúde e bem-estar que faturou R$ 300 milhões no ano passado.
O fundador, Flávio Passos, e o CEO e sócio da empresa brasileira, Adrian Franciscono, vão continuar na Nestlé como executivos à frente do negócio. A Nestlé está comprando 100% do capital.
Além dos dois, o principal acionista da Puravida era a gestora de private equity Aqua Capital.
A Puravida vai ficar debaixo da Nestlé Health Science, a vertical que abriga todos os produtos de nutrição e saúde da multinacional suíça. Essa vertical é uma das grandes apostas da empresa, que tem feito vários movimentos para se tornar “uma empresa de nutrição,” a head Latam da vertical, Monica Meale, disse ao Brazil Journal.
“Além da transformação do nosso próprio portfólio, fizemos aquisições de outras empresas que pudessem contribuir com esse fit estratégico, como por exemplo a compra da Gerber em 2008,” disse ela.
A Puravida nasceu há apenas sete anos a partir de um trauma pessoal de Flávio. O empreendedor chegou a ser semi-obeso na adolescência por conta de má alimentação, e teve vários problemas de saúde.
“Com 15 anos, eu estava com asma, tomava um monte de remédios e estava semi-obeso. Até que um dia eu li uma frase que mudou minha vida: ‘faça do seu alimento o seu remédio,’” disse o empresário.
O portfólio da Puravida é complementar ao da Nestlé. A empresa tem 160 SKUs de nutrientes, proteínas, suplementos alimentares e as chamadas ‘super foods’ (alimentos com alto poder nutritivo, como a acerola).
O carro-chefe da marca são as vitaminas e suplementos, uma categoria que cresce a dois dígitos no Brasil e responde por 57% das vendas da Puravida.
A Puravida atua tanto por meio do ecommerce (que responde por 65% das vendas) quanto no varejo físico, em que a maior parte das vendas vem de lojas especializadas em nutrição, como o Mundo Verde. O segundo maior canal é o de supermercados, seguido pelas farmácias.
O CEO da Nestlé Brasil, Marcelo Melchior, disse que vê uma oportunidade de ampliar a presença da Puravida no canal farma, onde ela ainda tem uma presença tímida.
A ideia é usar a capilaridade da multinacional – presente em literalmente todas as farmácias do Brasil – para aumentar a distribuição da Puravida.
Outras sinergias óbvias: a cadeia de abastecimento e suprimentos, onde a Puravida poderá se beneficiar do poder de compra da gigante; e a logística.
“A ideia é acelerar o que eles já estão fazendo, respeitando o modelo de negócios deles,” disse Marcelo. “Vamos ver onde faz sentido colocar mais energia para as coisas ganharem tração.”
Pré-aquisição, a expectativa da Puravida era aumentar o faturamento em cerca de 45% este ano, chegando a R$ 450 milhões de receita bruta.
BTG Pactual foi o assessor exclusivo da Puravida, que trabalhou com o Demarest Advogados.
A Nestlé não teve assessores financeiros, mas se aconselhou com o Mayer Brown.