O banco Neon acaba de levantar R$ 331 milhões para seu FIDC de operações de cartão de crédito.
A captação – a segunda rodada do FIDC – acontece num momento em que o setor bancário tem visto os índices de inadimplência aumentar. A fintech fundada por Pedro Conrade, no entanto, diz que os atrasos de pagamentos estão controlados e que a empresa está calibrando a concessão de acordo com o momento.
“Mesmo em um cenário desafiador, nossa inadimplência está controlada, as operações são saudáveis, o crescimento, sustentável, e a carteira de crédito sólida e robusta”, Jamil Marques, CFO do Neon, disse ao Brazil Journal.
Na emissão anterior, em junho passado, a fintech levantou R$ 400 milhões junto a parceiros próximos do banco, como o BV. Aquela emissão – toda em cotas sêniores – saiu a CDI + 5,25%.
Desta vez, no entanto, o Neon ofereceu instrumentos com senioridades diferentes. A cota sênior pagou CDI + 4,75% – com o Neon notando “alta demanda” mas sem revelar a participação desta cota no total da captação. Já a cota mezanino (intermediária entre as sêniores e as subordinadas) saiu a CDI + 7,25%.
Alexandre Zaia, o head de cartões do Neon, disse que a captação permitirá manter o ritmo de crescimento da carteira da empresa.
“Nossa carteira total no meio de 2022, o último valor fechado, passou dos R$ 2 bilhões e estamos num ritmo de crescimento de dobrar ano contra ano,” disse Zaia.
Mas para garantir a receita em outras linhas do negócio, o Neon está vinculando o crédito à adesão dos clientes em diferentes produtos.
Se o cliente fizer um investimento no Neon, como um CDB, fica mais fácil obter a aprovação de crédito. A fintech também lançou um cashback para crédito como forma de aumentar o engajamento.
“Ele terá uma análise diferenciada e percebemos que isso cria uma relação saudável entre o banco e o cliente,” disse Zaia.
Esse tipo de investida faz parte da estratégia do Neon de aumentar a captação de recursos via depósitos de clientes para expandir sua carteira de crédito de maneira mais sustentável.
Apesar do momento turbulento da economia, o CFO disse que a posição de caixa está sólida e não há necessidade de levantar capital via equity para entregar o plano.
Porém, apesar da empresa ter afirmado que alcançaria o breakeven com os últimos recursos que entraram, o atual cenário acabou atrasando os planos.
“É difícil afirmar com muita precisão o momento em que atingiremos o lucro, mas continuamos a executar um plano mesmo em um contexto mais adverso,” disse Jamil.
A XP atuou como coordenadora da oferta.