No setor de turismo, o que está ruim ainda pode piorar. 

Em abril, 54% das grandes operadoras de turismo não conseguiram vender um pacote sequer — o que fez com que o faturamento do setor caísse 90%, uma  perda de mais de R$ 1 bilhão na comparação ano contra ano.

Mas agora em maio, os números devem ser ainda mais assustadores. 

“A perspectiva é que tenha caído ainda mais, porque as restrições se tornaram mais pesadas e houve a proibição de entrada de brasileiros nos Estados Unidos,” Marina Figueiredo, vice-presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), a entidade responsável pelo estudo, disse ao Brazil Journal. 

A Braztoa representa as grandes empresas do setor, como CVC, Flytour e Agaxtur. Juntas, as 84 associadas da entidade faturaram R$ 15 bilhões ano passado. 

No setor, a expectativa é que as vendas só comecem a voltar em agosto — e apenas para destinos nacionais. 

Disneylândia? Só a partir do ano que vem. 

Os dados de abril já mostraram essa tendência: das poucas vendas, a maioria foi para destinos nacionais com embarque a partir do segundo semestre. Segundo o estudo, apenas 24% das agências conseguiram vender algum produto com embarque até julho. 

Em meio a essa situação dramática, o setor recebeu mais um balde de água fria.

Na segunda-feira, o Presidente Bolsonaro vetou o artigo da MP 907 que fixava em 6% a alíquota do IRRF, o imposto cobrado sobre as remessas enviadas ao exterior. O veto fez com que o imposto subisse para 25%.

De imediato, o aumento vai gerar uma alta de 33% no valor dos produtos e serviços internacionais comprados em agências e operadoras de turismo. Ao mesmo tempo, se o passageiro comprar diretamente com o fornecedor no exterior, em seu cartão de crédito, o imposto pago é de apenas 6%.

“Essa mudança, somada ao dólar do jeito que está, inviabiliza a venda de qualquer pacote internacional para países que não fazem parte do tratado de bitributação,” diz Marina. “É um baque enorme num momento já delicado para o setor… As agências que só fazem viagens internacionais ficam numa situação muito difícil.”