Nas últimas semanas, o mercado foi tomado de boatos de que o CPPIB – o gigante canadense que administra US$ 700 bilhões globalmente e investe no Brasil desde 2009 – estaria deixando o País.
Mas nesta entrevista ao Brazil Journal, os dois principais executivos do fundo no País dizem que o CPPIB não está indo a lugar nenhum – e tem apetite particular por setores ligados à infraestrutura no Brasil: saneamento, energia, data centers e logística do agronegócio (como silos).
A origem do ruído é clara: o CPPIB havia comunicado a parceiros que interromperia novos investimentos na América Latina enquanto sua área de private equity se reestrutura globalmente.
Apesar desta interrupção, a equipe de private equity foi mantida para tocar o portfólio atual, que inclui a rede de educação básica Inspira e a SmartFit, um investimento feito antes do IPO.
O foco dos próximos aportes do CPPIB são empresas listadas e real assets – o que engloba os investimentos em infraestrutura, uma área em que o País e o fundo têm vantagens competitivas, disse Ricardo Szlejf, o head de real assets na América Latina do CPPIB.
“Temos visão de longo prazo, o que nos permite investir ao longo dos ciclos, algo fundamental nesse setores,” disse Szlejf.
Além disso, “o Brasil é um dos poucos lugares em que há ativos com escala relevante para fazer diferença no portfólio total do fundo e um retorno potencial interessante,” diz Tania Sztamfater Chocolat, que chefia o escritório do CPPIB em São Paulo.
Em saneamento, o fundo controla a Iguá, que nos últimos anos arrematou concessões no Rio de Janeiro e em Sergipe depois de ser capitalizada pelo CPPIB.
O plano, segundo Szlejf, é preparar a Iguá para que ela se torne uma plataforma para novos investimentos. “O setor está se transformando e queremos ter uma participação ativa.”
Mas a Iguá ainda não roda de forma redonda, e um novo CEO – René Silva, ex-Concessionária Auto Raposo Tavares e Hidrovias do Brasil – assumiu este mês com a missão de encontrar sinergias e melhorar a eficiência.
Em energia, o fundo busca oportunidades em geração hidrelétrica, eólica e solar, mas vai investir por meio da Auren, que controla junto com o Grupo Votorantim.