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Em 1992, George Soros ganhou 1 bilhão de libras apostando na desvalorização da moeda inglesa.
 
Agora, ele está alertando os ingleses de que, se decidirem abandonar a União Europeia no referendo marcado para amanhã, a derrocada da libra será maior e mais conturbada do que todo mundo imagina.
 
Num artigo publicado nesta terça no The Guardian, Soros estima que a libra vai se desvalorizar em pelo menos 15% e, talvez, mais de 20% se a saída do Reino Unido — chamada de ‘Brexit’ — acontecer.
 
“A Brexit vai fazer algumas pessoas ficar ricas — mas a maioria dos eleitores consideravelmente mais pobre,” escreveu Soros.
 
Ele disse que a desvalorização de 1992 foi ‘benigna’ porque livrou o Governo britânico de ter que defender uma moeda artificialmente cara com taxas de juros asfixiantes.  Em seguida, listou três razões pelas quais uma desvalorização da libra agora seria catastrófica para o UK:

1) O Bank of England — o Banco Central de lá — não poderia cortar os juros após o Brexit (como fez em 1992 e depois da grande desvalorização de 2008) “porque as taxas já estão no nível mais baixo compatível com a estabilidade dos bancos britânicos,” escreveu Soros.  (Pior: se a Brexit causar recessão, queda dos preços de imóveis e aumento do desemprego, como é provável, o Bank of England não poderá cortar os juros para estimular a economia, porque eles já estão lá embaixo.  Ou seja: não há rede de segurança para a economia.)

2) Hoje o UK tem um déficit em conta corrente muito grande, isto é, depende da entrada de capital internacional para se financiar. As desvalorizações de 1992 e 2008 atraíram capital externo, tanto para imóveis quanto para empresas industriais.  “Mas depois da Brexit, os fluxos de capital quase certamente se moverão na direção oposta, especialmente durante o período de incerteza de dois anos em que a Grã-Bretanha estará negociando os termos de seu divórcio com a região que sempre foi — e presumivelmente continuará a ser — seu maior parceiro comercial e de investimento,”  escreveu Soros.

3) Uma desvalorização causada pela Brexit não deve ajudar as exportações de produtos manufaturados como ocorreu em 1992, porque o ambiente para o comércio agora seria muito incerto para as empresas britânicas realizarem novos investimentos, contratar mais trabalhadores ou aumentar sua capacidade de exportação.
 
O artigo termina aterrorizante:  “Um voto a favor da saída pode fazer a semana terminar numa Black Friday, com sérias consequências para as pessoas comuns.”

Os britânicos deveriam seguir o conselho financeiro gratuito.  Ou então tentar ver a coisa pelo lado cômico, de preferência com o humor britânico de John Oliver.