A alta na sinistralidade e a queda expressiva no lucro fizeram preço na ação da Porto Seguro, que cai mais de 2% hoje num dia em que quase todo o mercado sobe.
A fotografia é feia, mas um investidor comprado no papel diz que o mercado está deixando de ver os sinais positivos do resultado.
Os prêmios emitidos pela Porto subiram 35,8% apesar da frota ter ficado praticamente flat (uma queda de apenas 0,7%). No primeiro tri, o aumento dos prêmios emitidos havia sido de 16%.
“Isso mostra que ela está conseguindo fazer um repasse muito grande nos preços e acelerando isso,” disse esse investidor. “Mas esse prêmio emitido demora alguns trimestres para virar ganho, porque ela vai reconhecendo essa receita conforme o contrato é acruado.”
Para ele, essa dinâmica deve fazer com que os resultados da Porto venham muito fortes já nos próximos três trimestres – algo que o mercado não está colocando na conta.
O consenso Bloomberg é de uma alta de apenas 10% na receita da Porto no ano que vem.
“É o que o Howard Marks fala do second level thinking. No primeiro, você olha a fotografia e realmente ela tá muito ruim. Mas no segundo nível da análise, você vê o prêmio emitido e os sinais são muito positivos.”
A sinistralidade da Porto tem subido por dois motivos: o preço dos carros usados disparou, o que faz com que ela tenha que gastar mais quando um sinistro acontece; e o número de sinistros também teve um aumento, em parte pela situação macro mais complexa, que leva a mais roubos de carros.
Com o repasse de preços, no entanto, isso tende a se normalizar.
O lucro líquido recorrente da Porto Seguro caiu 76% no segundo trimestre, para R$ 89 milhões. O ROAE ficou em apenas 3,8%, em comparação aos 17% de um ano antes.
Segundo o consenso, a companhia negocia a 7 vezes o lucro para 2023, em comparação a uma média histórica dos últimos cinco anos de 11 vezes.
A empresa vale R$ 12,4 bi na Bolsa.