A JHSF reportou seu sétimo tri consecutivo de crescimento de dois dígitos no negócio de renda recorrente – com locações robustas, shoppings em ocupação máxima e filas para hangaragem no Aeroporto Catarina – e acima do consenso em quase todas as linhas.

A única exceção foi o top line, que veio praticamente em linha. A empresa de Zeco Auriemo fez uma receita líquida de R$ 496 milhões, um avanço de 26,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O consenso apontava R$ 506 milhões.

O EBITDA ajustado, por sua vez, veio bem acima do esperado. Enquanto o mercado projetava R$ 201 milhões, a JHSF entregou R$ 247 milhões, um ganho de 21,2%, mesmo com as despesas subindo 60% no período.

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O CEO Augusto Martins disse que esse aumento dos custos aconteceu devido à antecipação do pagamento da PLR – que em 2024 foi paga no terceiro tri – e também ao maior investimento em marketing feito pela empresa.

“Esse aumento é explicado pela expansão das operações e pelo início de novos negócios, como o Boa Vista Surf Lodge, o Fasano Sardegna e o Fasano Tennis Club,” Augusto disse ao Brazil Journal. “Também tivemos gastos preparatórios para lançamentos e eventos, que reforçam o posicionamento da marca e trazem retorno no médio e longo prazo.”

Já o lucro líquido ajustado subiu 45% para R$ 245,8 milhões.

A área de incorporação teve uma aceleração das vendas: alta de 22,9% para R$ 166 milhões. Isso aconteceu mesmo com a estratégia da JHSF de segurar novos lançamentos para não precisar reduzir os preços dos ativos, o que impactaria nas margens.

“A escassez é algo que a gente constrói. Não é só uma questão de mercado, mas de manter um nível de curadoria e controle de oferta que preserve o valor dos nossos produtos,” disse o CEO. 

No segundo semestre, a empresa deve lançar o Fazenda Santa Helena, em Bragança Paulista, e o Boa Vista Estates, em Porto Feliz, além do Reserva Cidade Jardim na capital.

“Esses lançamentos devem contribuir para manter o ritmo de vendas e a geração de caixa nos próximos trimestres,” disse o CEO.

Enquanto isso, o negócio de renda recorrente, que representou 62% da receita da JHSF, continua crescendo aceleradamente. Um dos principais destaques foram os shoppings, que cresceram 17% em vendas e 12,9% em same-store rents, o maior do mercado. O Cidade Jardim, por sua vez, aumentou vendas em quase 27%.

O bottom line dessa área, no entanto, foi impactado pelo aumento das despesas financeiras, caindo 78% para R$ 14,9 milhões.

A queda da lucratividade em shoppings foi compensada com o aumento do bottom line do Catarina. O aeroporto executivo cresceu quase 50% em receita, 64% em EBITDA e 137% no lucro líquido. 

Augusto martins

Segundo o CEO, os números do Catarina ainda devem melhorar nos próximos trimestres com a entrega de quatro novos hangares no segundo semestre – e a empresa já pensa em uma nova expansão, dada a fila de quase 100 aeronaves aguardando hangaragem.

Na área de hospitalidade, a JHSF viu sua receita líquida dobrar para R$ 38,7 milhões com o aumento no número de unidades em locação, o início das operações do Fasano Tennis Club, e a evolução das operações do Boa Vista Village Surf Club. 

A JHSF Residences viu uma taxa de ocupação contratada de 90% em seu portfólio de 123 mil metros quadrados locáveis. 

A empresa também fez um soft opening do recém-anunciado Fasano Sardegna e está avançando com o projeto do Fasano Miami Beach, previsto para ser entregue até 2027. 

“Esse crescimento gera um aumento das despesas, mas reforça a proposta de valor da companhia e vai gerar retorno no médio e longo prazo,” disse Augusto. 

A ação da JHSF acumula alta de 26% em 12 meses, enquanto o Ibovespa sobe 2,2%. “O mercado está percebendo que temos um portfólio pensado para atravessar ciclos econômicos sem perder margem.”

No segundo tri, a empresa concluiu um CRI de R$ 625 milhões a um custo médio de 104% do CDI, elevando sua captação total para quase R$ 3 bilhões em menos de um ano.

Segundo Augusto, a empresa está no menor custo de capital de sua história, pagando uma média de CDI + 0,98%, uma queda de 70 basis points em relação ao ano passado. 

“Alongamos bastante o duration da dívida nos últimos anos, o que dá mais previsibilidade e reduz a pressão de curto prazo sobre o caixa. Hoje o perfil do nosso endividamento é compatível com os ciclos de maturação dos nossos projetos,” disse. 

A JHSF vale R$ 3,6 bilhões na B3.