Num movimento que surpreendeu o mercado, a Advent decidiu mudar o comando da Estacio, trocando o CEO Pedro Thompson — no comando há dois anos e meio — por Eduardo Parente, um executivo que fez carreira no setor de infraestrutura.

Parente era diretor de projetos especiais na Vale e foi presidente da MRS, da Prumo Logística e da Companhia Siderúrgica do Pecém.

10310 ec0ac45c cb5f 0005 0000 ff0ae7daadf2Numa aparente alusão à falta de experiência de Parente com o setor, o sócio da Advent e chairman da Estácio, Juan Pablo Zucchini, disse no comunicado ao mercado: “Temos um grupo de executivos que conhece em detalhe o mercado de educação. O potencial da Estácio é enorme, e Eduardo saberá transformar esse potencial em resultados para alunos, colaboradores e acionistas.”

A Advent controla a Estácio de fato com 14% do capital da empresa e quatro dos oito assentos no conselho.

Uma fonte próxima à Advent disse ao Brazil Journal que a gestora queria “um CEO mais robusto” para a Estácio, mas, no press release, a própria gestora se encarregou de elogiar o CEO que acabara de demitir, notando o progresso que sua gestão fez na margem EBITDA e nos indicadores de qualidade do Ministério da Educação. 

Segundo um gestor que é acionista da empresa, Thompson elevou a margem EBITDA 18% para 32%, a conversão do lucro operacional para caixa de 35% para mais de 65%, e presidiu um aumento de tíquete médio de 15% no período.  A ação foi de R$ 9 para R$ 25. 

Thompson, um ex-executivo de private equity do BTG, tornou-se CFO da Estácio duas semanas antes da empresa receber uma oferta da Kroton.  Mais tarde, assumiu o comando quando Chaim Zaher — então um minoritário relevante e CEO da companhia — deixou o cargo para preparar uma oferta alternativa pela Estácio.

Não está claro o que Parente conseguirá fazer de novo num mercado que foi redimensionado pelo fim do FIES; que sofre com uma guerra de preços na qual a Kroton, por exemplo, tem isentado as primeiras seis mensalidades em mercados como o interior de São Paulo e Niteroi; e no qual a compressão de múltiplo das ações de educação tornou os eventuais M&As cada vez mais diluitivos para o acionista.

Esta é a segunda troca relevante no comando da Estácio feita pela Advent.  A gestora começou a ampliar seu poder em março, quando destituiu João Cox e instalou Zucchini como chairman.  Outros dois conselheiros — Amaury Olsen e Líbano Barroso — também foram trocados e substituídos por “adventistas”:  Flavio Jansen trabalhou com a Advent no Fleury, e Igor Lima, na Kroton.