Os herdeiros de Shan Ban Chun venderam discretamente, ao longo deste ano, quase toda sua posição da BRF.
Shan, um pioneiro da avicultura brasileira que morreu em outubro do ano passado, chegou a ter quase 8% da Perdigão quando vendeu a Eleva (antiga Avipal) para a empresa de alimentos, então comandada por Nildemar Secches, por 1,7 bilhão de reais.
Mais tarde, Shan teve sua participação diluída na fusão da Perdigão com a Sadia que criou a BRF, mas continuou sendo um acionista relevante, com cerca de 3% da empresa.
O fundo Bird, que carregava a posição acionária de Shan, foi gerido até 2013 pela Governança e Gestão. Mas depois de uma briga que resultou num processo judicial , Shan transferiu a gestão do fundo para a Solidus, a corretora da família.
Dados da Bloomberg mostram que, no final do mês passado, o Bird tinha apenas 3,7 milhões de ações da BRF, comparado a 25,7 milhões de ações no fim de 2014.
Essa venda de 22 milhões de ações — que levantou cerca de 1,5 bilhão de reais — fez da Solidus a maior vendedora de BRF no ano, disparado. (veja a linha vermelha no gráfico de vendas líquidas abaixo)
As vendas — equivalentes a 10 dias de negociação do papel — podem estar próximas do fim, e explicam parte da underperformance da BRF em relação a seus pares na Bolsa.
Desde o início do ano, o desempenho das ações do setor é o seguinte: JBS (+43%), Minerva (+12,5%), BRF (+8,5%) e Marfrig (-9%). A ação da BRF terminou ano passado em cerca de 63 reais e negocia agora perto de 69.
No início do mês, o fundo de pensão Petros — o maior acionista da BRF, com 12,5% do capital — suspendeu uma venda de cerca de 4 bilhões de reais em ações da BRF (um ‘block trade’) depois que os planos de venda foram noticiados aqui.
Foi um exagero. Depois que os planos vazaram, a ação da BRF caiu bem menos que o desconto proposto por investidores para comprar a posição.
Com a notícia, o papel, que estava perto de sua máxima, caiu cerca de 7%, mas, levando-se em conta a média de preço dos 30 dias anteriores, a queda foi de apenas 3,5%.
À época, a leitura de mercado feita pelos bancos indicava que seria necessário um desconto de 6%-9% para a operação sair.
Depois da Petros, os maiores acionistas de BRF são a Previ com 11%, e a Tarpon Investimentos, com 10,5%.
Hoje, a gestão da BRF é muito associada à Tarpon, que nomeou o CEO da empresa, Pedro Faria, e atraiu o empresário Abilio Diniz para a presidência do conselho. A BRF é também a principal posição dos fundos administrados pela Tarpon.