Depois da tragédia da Vale em Mariana, a Petrobras deveria se sentir na obrigação de reavaliar e vir a público com seu risco ambiental na Bacia de Campos, sua principal área produtora.
Nos últimos anos, empresas que prestam serviços à Petrobras têm alertado pessoas dentro e fora da empresa sobre a falta de manutenção apropriada nas plataformas em alto mar.
Fontes do setor dizem que, depois que o pré-sal foi descoberto, a Petrobras realocou recursos para a nova fronteira exploratória e negligenciou o investimento em manutenção em Campos.
Uma fonte disse que, em visita a plataformas, é comum ver fios de eletricidade expostos e enferrujando, sugerindo uma manutenção falha na parte elétrica.
Outras fontes falam do risco de um acidente no ‘flare’, a área nas plataformas onde a Petrobras queima o gás que sai do poço junto com o petróleo. Um escapamento de gás no flare, resultado de deficiências na manutenção, poderia causar uma explosão.
Essas evidências empíricas não permitem afirmar que o risco de um desastre ambiental seja alto, mas deveriam encorajar a Petrobras a ser proativa e publicar uma avaliação do seu risco e planos de contingência.
Até porque, depois de Mariana, os órgãos responsáveis terão que passar um pente fino nos ativos de alto risco ambiental do País, e plataformas de petróleo, por definição, entram nesta lista.
Em novembro de 2011, um acidente num poço de petróleo da Chevron no campo de Frade, na Bacia de Campos, resultou no vazamento de 3.700 barris de óleo.
Em 2010, a sonda Deepwater Horizon — de propriedade de Transocean e arrendada à British Petroleum — explodiu no Golfo do México, causando um dos maiores acidentes ambientais da história.
A sonda explodiu em 20 de abril, e a BP só conseguiu estancar o vazamento em 17 de julho. O impacto econômico na região do Golfo e a destruição da fauna marinha foram devastadores.