Depois do baque dos últimos dias, o múltiplo preço-lucro do Ibovespa para os 12 meses à frente bateu em 11x — abaixo da média histórica (12,8x) e um dos níveis mais baixos desde o início da pandemia em abril de 2020, segundo cálculo do BTG.

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Os dados — que excluem os dois pesos-pesados de commodities do índice, Vale e Petrobras — podem indicar que a Bolsa está ‘oversold’, ou que o mercado está incorporando possíveis revisões para baixo do lucro das companhias.

O chamado ‘earnings yield’ — o prêmio por manter ações, medido pelo inverso do P/L menos a taxa de juros de 10 anos — está em 4,2%, mais de um desvio-padrão acima da média histórica.

Apesar de o Ibovespa acumular queda de 7% no mês, esse prêmio não subiu muito em setembro porque a taxa de juro real de 10 anos disparou para 4,90%, ante 4,62% no fim de agosto. 

Até ontem, o Ibovespa acumulava queda de 7,5% no ano. As maiores baixas estão nos setores imobiliário (-28%) e varejo (-22%). As maiores valorizações estão nos segmentos aeroespacial (leia-se Embraer, com alta de 58%) e agronegócio (+49%). 

Os cinco maiores shorts da Bolsa por setor são alimentos e bebidas, educação, telecomunicações, serviços públicos e bancos.

Por enquanto, os gráficos concordam com a leitura de que os vendedores estão exauridos.  

Depois de cumprir uma retração importante (61,8% do movimento de alta anterior) e fechar ontem a 110.200 no mercado à vista, o Ibovespa respeitou este suporte e subia 1,2% no início da tarde.

Com esse respiro, um analista gráfico acha que o suporte crítico de 107.200 — o ‘fundo’ que o mercado fez em março e de novo em 20 de setembro — talvez nem seja testado.  

Em março, depois de fazer este fundo, o índice voltou para 131 mil pontos.

“O mercado não reverteu para a tendência de alta ainda, mas tem dificuldade de continuar caindo.  Quem vendeu lá em cima já começou a recomprar, e as vendas começam a ser absorvidas,” diz esse analista.