A Itaú Asset criou uma nova área dentro de seu multimesas para cuidar especificamente de investimentos alternativos – como special situations, legal claims, infraestrutura, real estate e equity estruturado – e atraiu Felipe Gottlieb, que trabalhava no BTG, para chefiar esta nova família de fundos.
A gestora do Itaú já tinha dois fundos alternativos dentro da mesa de crédito estruturado, cujo portfólio atual soma R$ 50 bilhões. A nova mesa vai oferecer novos fundos e absorver os dois já existentes, com R$ 1,3 bi no total.
Criado em 2020, o multimesas é uma plataforma que permite ao Itaú atrair talentos de fora oferecendo aos gestores um pacote que inclui a captação de recursos, participação no resultado do fundo e a possibilidade de ter o Itaú como sócio numa eventual saída.
A estrutura reproduz um movimento já feito por grandes gestoras internacionais. Com a nova área de alternativos, a Itaú Asset agora tem 15 mesas administrando R$ 117 bilhões, de um total de mais de R$ 1 tri sob gestão.
Economista pela PUC-Rio com um MBA em Wharton, Gottlieb ficou mais de dez anos no BTG, atuando em private e investimentos estruturados. Anteriormente, passou pelo Icatu e por diversos conselhos e já fez parte dos boards da Porto e da Eneva.
“O que vou fazer é uma mesa de alternativos, com soluções de crédito com algum componente de retorno um pouco maior ou de equity estruturado,” Gottlieb disse ao Brazil Journal. “Em alguns casos serão situações em que a companhia precisa de uma operação mais criativa, tailor made.”
Segundo Gottlieb, em vez de empacotar produtos disponíveis no mercado, ele e seu time vão se dedicar a estruturar operações exclusivas.
“Cada deal é um deal, cada empresa é uma empresa, tem que entender muito do negócio e seus riscos e oportunidades,” disse. “Obviamente, precisar ter também um risco-retorno bom para o investidor.”
Sempre haverá uma “assimetria de informação entre qualquer empreendedor e o investidor,” disse Gottlieb. “O investidor vai acompanhar aquilo durante menos tempo, com menos profundidade, então a graça do jogo, para o gestor, é gastar tempo, entender bem o detalhe de cada operação para fazer uma coisa que seja positiva para as duas pontas.”
Em uma conjuntura de spreads amassados no crédito e avanço dos ETFs na renda variável, o gestor disse que os alternativos vêm ganhando relevância na alocação de grandes investidores porque oferecem a perspectiva de retornos mais elevados.
“Ficou mais difícil gerar alfa, há muita gente competindo com as mesmas informações,” disse Gottlieb. “É analisando o valor intrínseco de poucos ativos – mas no detalhe – que você consegue achar oportunidades com bom risco-retorno. Por isso o mercado lá fora está migrando para os alternativos.”
A Itaú Asset está reforçando a área de estruturados e alternativos antecipando a tendência de crescimento desta classe de ativos, que nos EUA já responde por quase 25% da carteira dos clientes de wealth management. No Brasil, essa categoria pouco passa de 1% dos ativos dos fundos de pensão.
Segundo a gestora, Gottlieb administrou um portfólio que trouxe um retorno médio anual de 36% nos últimos 11 anos.
A nova mesa vai se dedicar tanto a ativos reais com geração previsível de caixa quanto a soluções customizadas de capital – seja em equity ou crédito, exceto instrumentos padronizados e tradicionais. A primeira família de fundos gerida por Gottlieb deve ser lançada no início de 2026.