A fintech sueca Klarna – líder mundial no serviço buy now, pay later – estreou hoje na NYSE com uma alta de quase 15%, depois de ter levantado US$ 1,37 bi em seu IPO.

A empresa, fundada em Estocolmo há 20 anos, classifica o seu serviço como um produto de ‘fair financing’ ao permitir o parcelamento de compras sem a cobrança de juros.

A fintech precificou o valor unitário de suas ações a US$ 40, acima do range inicial de US$ 35-37. O papel chegou a bater em US$ 57,20, antes de fechar em US$ 45,82 – colocando o market cap em US$ 17,3 bilhões.

O valuation da Klarna havia atingido US$ 45,6 bilhões em 2021, durante o boom do e-commerce na pandemia da Covid-19. No ano seguinte, entretanto, uma rodada de investidores precificou a empresa em US$ 6,7 bilhões – quando a alta da inflação e dos juros trouxe dúvidas sobre o modelo de negócio da fintech.

A maior acionista da Klarna é, de longe, a Sequoia Capital, que detém 23% dos papéis. A firma de VC multiplicou por 6x o valor aplicado na fintech, de acordo com o site The Information. Ela aportou cerca de US$ 500 milhões, em diferentes rodadas, e sua participação vale hoje mais de US$ 3 bi.

O cofundador e CEO da fintech, Sebastian Siemiatkowski, não vendeu nenhuma ação, segundo a  Reuters. Sua participação valia US$ 1,02 bi ao preço de venda do IPO de US$ 40. Ele controla 7,5% do capital.

“É um momento surreal”, declarou Siemiatkowski em comentários publicados. “Quando começamos a Klarna em 2005, era apenas uma ideia maluca. Fomos rejeitados e ironizados mais vezes do que consigo contar. Porém, seguimos em frente.”

O IPO deveria ter ocorrido no primeiro semestre, mas foi postergado por causa do fechamento da janela no mercado para a abertura de capital depois da turbulência causada pelo tarifaço de Donald Trump.

A Klarna tem um modelo de negócio que alia sistema de pagamentos e provedor de crédito. Sua principal fonte de receita são as taxas de transação pagas pelos vendedores, entre 3% e 6%, além de uma fee fixa.

Os comerciantes aceitam o sistema por causa da maior atração de consumidores. Há opções de parcelamentos de curto prazo sem juros e financiamentos para prazos mais longos.

A fintech faz dinheiro também com encargos dos pagamentos em atraso dos seus clientes. Além disso, ganha com venda de anúncios em seu aplicativo e em seu mailing.

A empresa já emitiu 700 mil cartões nos EUA e tem 5 milhões em uma lista de espera. No mundo, são 93 milhões de usuários em 26 países.

No segundo trimestre, ela reportou um faturamento de US$ 823 milhões – alta de 20% em relação a igual período do ano anterior. O resultado líquido foi um prejuízo de US$ 53 milhões.

Segundo o Financial Times, a empresa era lucrativa até 2019, quando decidiu embarcar em uma investida custosa nos EUA – e aceitou as perdas para construir a sua base de clientes.

A fintech vem ampliando a sua oferta de serviços de banco digital, com a emissão de cartões de débito e planos de assinatura que dão direito a prêmios e descontos.

As suas principais concorrentes são Affirm e Afterpay, ambas com um modelo de negócio similar, além da PayPal, que também oferece opções de pagamento parcelado.