A Mombak, a startup especializada em créditos de carbono a partir do reflorestamento de áreas degradadas na Amazônia, acaba de fechar um contrato com a Microsoft que deve mudar a companhia de patamar.
A empresa – fundada por um ex-CFO do Nubank e um ex-CEO da 99 – negociou créditos de 1,5 milhão de toneladas de carbono com a gigante da tecnologia a serem entregues até 2032. O pagamento será realizado de acordo com a entrega dos créditos.
A Mombak não revelou o valor negociado por tonelada de carbono, mas o CEO Peter Fernandez, que já ocupou o mesmo cargo na 99, disse que foi bem acima do valor praticado pelo mercado.
Na semana passada, a empresa também fechou um contrato de venda de créditos de carbono para a escuderia de Fórmula 1 McLaren Racing por US$ 50 a tonelada – 10x maior do que o valor médio conseguido por outras empresas.
Este ‘prêmio’ tem um motivo: como a Mombak tem uma operação verticalizada – compra áreas degradadas e refloresta os terrenos – o impacto de sua remoção de carbono é superior ao das empresas que trabalham com a floresta em pé – o que permite à empresa cobrar mais.
O mercado de compensação de carbono pode chegar a US$ 1 trilhão até 2037, segundo dados da Bloomberg.
“Começamos há dois anos com um powerpoint e muitos duvidavam da viabilidade, mas nós prevíamos que esse interesse iria acontecer,” Fernandez disse ao Brazil Journal.
Fundada em 2021 por Fernandez e o ex-CFO do Nubank Gabriel Haddad Silva, a Mombak já levantou US$ 100 milhões com nomes como a Bain Capital Partnership Strategies, a seguradora francesa Axa e a Rockfeller Foundation. No bolso de venture capital, a Mombak atraiu investidores do porte da Kaszek e recebeu US$ 20 milhões.
O dinheiro serve para comprar pastagens degradadas e reflorestá-las. A empresa já tem 5 mil hectares sob seus cuidados.
Fernandez aposta que o modelo que deve dar mais resultado é o de parcerias com donos de terra. Segundo ele, 20% das áreas sob gestão da Mombak já estão nesse formato.
O empreendedor diz que os donos de terra podem ganhar cerca de R$ 800 por hectare com créditos de carbono – um aumento de 3x a 5x em relação ao ganho com a pecuária.
“Nossa meta é tirar 1 milhão de toneladas de CO2 da atmosfera até 2030,” disse Fernandez. Para ele, a restauração feita pela Mombak tem um potencial de retirar carbono da atmosfera muito maior que os negócios baseados em manter a floresta em pé.
Fernandez disse que a Mombak planeja captar um novo fundo de reflorestamento no ano que vem.
Apesar de ter fechado o contrato apenas agora, a relação da Mombak com a Microsoft começou na época de fundação da startup em 2021. A gigante da tecnologia colocou a startup em contato com a Carbon Direct, uma das mais importantes consultorias do setor, que fez due dilligence da operação.
Essa relação com a Microsoft forneceu insights relevantes à Mombak, permitindo que ela evitasse erros como a má escolha de sementes para reflorestamento.
“Um exemplo é que iríamos usar sementes de uma espécie de árvore que existe tanto na Amazônia quanto na Mata Atlântica. Mas se usássemos as sementes das árvores da Mata Atlântica, o resultado poderia não ser o esperado,” disse ele.