A Mosaico — dona dos sites de conteúdo para ecommerce Zoom, Buscapé e Bondfaro — vai abrir seu capital na B3 num IPO que pode avaliar a companhia em mais de R$ 5 bilhões.

Hoje, as empresas de ecommerce listadas na Bolsa vendem seu estoque próprio ao cliente ou operam marketplaces. A Mosaico é um animal diferente: em vez de vender produtos, a companhia produz conteúdo proprietário que ajuda o consumidor a tomar sua decisão de compra — originando vendas para o varejo.

A companhia tem como clientes todos os grandes sites de ecommerce, as lojas virtuais da indústria (D2C), bem como lojas pequenas e médias que operam num modelo chamado de intermediação — em que a venda é fechada nas plataformas da Mosaico.

Cerca de 87% da audiência chega aos sites da Mosaico pelo celular.

A oferta será uma primária de R$ 400 milhões e uma secundária a ser definida. 

Os coordenadores são BTG Pactual (líder), Itaú BBA, Goldman Sachs e JP Morgan.

Investidores que conhecem a empresa dizem que ela é uma combinação pouco usual no universo tech: o negócio tem tamanho, crescimento e lucratividade.  “É um business asset light, que não tem que se preocupar com logística, estoque… Não tem capex significativo,” diz um gestor que conhece a companhia.

A Mosaico tem sua origem em 1999, quando Guilherme Pacheco, José Guilherme Pierotti e Roberto Malta criaram o site Bondfaro. Em 2006, o Bondfaro se fundiu com o Buscapé, e a nova empresa foi vendida para a Naspers em 2009. 

No ano seguinte, os empreendedores seriais criaram o Zoom como uma empresa de conteúdo que ajudasse o usuário a comprar de forma inteligente — com alertas de preço que avisam quando o preço cai, especialistas que ajudam o usuário a encontrar o produto mais adequado, e artigos e vídeos comparando produtos. 

No ano passado, o trio comprou o Buscapé da Naspers num leveraged buyout financiado pelo BTG. A operação quase dobrou a audiência da Mosaico, que hoje tem 37 milhões de unique visitors/mês e um GMV anual estimado em R$ 5 bilhões.

A Mosaico dá lucro desde 2014. No ano passado, a empresa teve receita líquida de R$ 114 milhões e EBITDA de R$ 57 mi (uma margem de quase 50%). Segundo o prospecto, nos últimos três anos a receita cresceu a uma taxa média composta anual de 30%.

No segundo trimestre, cujos dados são a base da oferta, a Mosaico originou um GMV de R$ 1,1 bi em sua plataforma, fazendo um faturamento de R$ 66,8 mi e um EBITDA de R$ 22 milhões (com margem de quase 40%).

A companhia tem 153 funcionários entre Rio e São Paulo. 

O uso dos recursos inclui pagar a dívida com o BTG e crescer em categorias como moda, móveis e beleza. O prospecto também fala em expandir o portfólio de parceiros e ofertas para incluir sites que vendem produtos usados (o chamado re-commerce), sites de vendas internacionais (como o AliExpress) e começar a gerar vendas para o varejo offline. 

Além dos três fundadores, hoje reunidos numa holding chamada Tessera Ventures, o conselho da Mosaico tem dois membros independentes: David Peixoto, o CFO que está de saída da Arco; e Laura Jaguaribe, head de private equity da Península, o veículo de investimentos de Abilio Diniz.

Num momento em que cada vez mais empresas brasileiras listam na Nasdaq em busca de múltiplos mais generosos, a escolha pela B3 sugere confiança por parte dos fundadores de que a Faria Lima já paga múltiplos de Nasdaq em empresas como Magalu e Locaweb.