O conglomerado japonês Mizuho Financial Group está comprando a Greenhill, que já foi uma das principais boutiques de M&A dos Estados Unidos.

A transação avalia a Greenhill num enterprise value de US$ 550 milhões e vem num momento em que as transações de compra e venda de empresas estão fracas em todo o mundo.

Neste ano, o volume de M&As no mundo caiu 44% para US$ 973 bilhões, segundo dados da Bloomberg.

A Mizuho está pagando US$ 15 por ação para os acionistas da Greenhill, um prêmio de 121% em relação ao fechamento de sexta. Ontem, quando a transação foi anunciada, a ação de Greenhill já valorizou 116%, se aproximando do preço da transação.

Com a alta, o papel recuperou quase todas as perdas dos últimos 12 meses, quando o mercado derreteu por conta do impacto da alta dos juros no número de transações.

No IPO da Greenhill, em 2004, a ação saiu a US$ 20.

A Mizuho disse que vai manter toda a liderança da Greenhill, incluindo o CEO Scott Bok, que vai se tornar o chairman do negócio de M&A e reestruturação da japonesa.

Para a Mizuho, a transação é uma forma de crescer no mercado americano de M&As num momento em que está mais barato comprar empresas do ramo.

“Temos uma prática de M&A forte no Japão. Mas ela está muito no começo aqui nos EUA e em outras regiões. Então essa é uma forma de escalarmos de forma significativa,” Jerry Rizzieri, o CEO da Mizuho Securities USA, disse à Reuters.

Segundo ele, a Mizuho já tem uma gama ampla de produtos nos EUA, que vão de dívida a equity, passando por derivativos e renda fixa. “A peça que faltava era o M&A,” Rizzieri disse à Bloomberg.

Essa não é a primeira incursão da Mizuho no mercado americano. Em 2015 ela comprou o portfólio de dívidas corporativas do Royal Bank of Scotland na América do Norte e, no ano passado, comprou a Capstone Partners, um investment bank focado em empresas de médio porte.

Outros gigantes japoneses também têm aumentado suas apostas nos EUAs. No ano passado, a Sumitomo Mitsui aumentou sua participação na Jefferies — outro banco de investimentos — de 4,5% para 15%.

A Greenhill foi fundada em 1996 pelo ex-banqueiro do Morgan Stanley Robert Greenhill. 

No ano passado, a companhia ficou em 49º no ranking de M&As da Bloomberg. Esse ano, caiu para 74º. Antes da crise de 2008, a Greenhill ficava entre os top 15 do mercado.

A companhia tem sofrido com o ambiente macro mais complexo e o aumento de concorrência, com o surgimento de diversas outras boutiques de M&A.

No primeiro tri, a Greenhill fez uma receita de apenas US$ 50 milhões e teve um prejuízo de US$ 23 mi.