A Mills está pagando R$ 180 milhões pela Next Rental, numa transação que vai aumentar seu EBITDA em 8% e expandir sua atuação no mercado de equipamentos pesados, onde ela ainda tem um share pequeno.

A aquisição avaliou a Next Rental em cerca de 3x o EBITDA estimado para o ano que vem, de R$ 60 milhões. Para efeito de comparação, a própria Mills negocia na Bolsa a 4x. 

Já o múltiplo EV/frota foi de 0,8x, enquanto a Mills negocia a 1,5x. 

O CEO Sergio Kariya disse ao Brazil Journal que a aquisição foi oportunística. 

A Next Rental — que pertencia à Pesa, a maior distribuidora Caterpillar no Sul do Brasil — estava extremamente alavancada, o que se tornou insustentável num cenário de juros a 15%.

A alavancagem vinha impactando no crescimento da operação: a Next deixou de renovar contratos porque não tinha condições de fazer o capex necessário. 

Nos últimos doze meses, o EBITDA da companhia foi de R$ 90 milhões. “Mas como eles não estavam investindo, esse EBITDA vinha diminuindo. Por isso, projetamos o EBITDA de R$ 60 milhões para o ano que vem,” disse o CEO. 

Essa situação tornou o deal um pouco mais complexo. A Pesa teve que fazer um carve-out das máquinas e contratos e alocá-los numa nova empresa. “Com isso, eles tiraram toda a dívida e compramos só os ativos e contratos,” disse Sergio.

O executivo não abre qual era o valor da dívida, mas diz que ela era maior que o valor do equity (os R$ 180 milhões). 

A Next Rental tem sinergias claras com a estratégia da Mills, tanto por ter um portfólio de equipamentos parecidos (empilhadeiras, geradores e máquinas para movimentar terra), quanto por ter exposição no setor de papel e celulose, um setor perene onde a Mills tem buscado crescer. 

Além disso, “eles tem know-how grande de operar remotamente, o que é importante principalmente para contratos no setor de mineração,” disse o CEO. “Nessas obras de descomissionamento de barragens, o ideal é operar sem humanos, só remotamente, e a Next Rental tem a tecnologia para isso.”

A Next Rental também vai ajudar a Mills a crescer em pesados, um mercado no qual ela entrou em 2022 com a aquisição da Triegel, e onde seu market share ainda é pequeno.

Enquanto a companhia tem um share de 25% em plataformas elevatórias e de 40% em formas e escoramentos, o share em pesados é de apenas 2,5%. (As plataformas elevatórias respondem por 55% da receita da Mills, os equipamentos pesados, por 32%, e as formas e escoramentos por 13%).

“Estamos há quase três anos crescendo nesse mercado, mas ainda temos um espaço muito grande. O addressable market é enorme,” disse o CEO.

A Mills tem crescido tanto com M&As quanto organicamente, com a compra de novos equipamentos. No ano passado, fez um capex de R$ 700 milhões em novos equipamentos e de R$ 300 milhões em aquisições. Para este ano, o CEO disse que o capex de equipamentos deve ficar em torno de R$ 500 milhões e que provavelmente a companhia não fará mais nenhum M&A.

O último M&A da Mills havia sido em julho do ano passado, quando ela comprou a JM por R$ 279 milhões.

A Mills vale R$ 2,6 bilhões na B3, com a ação subindo 10% nos últimos 12 meses e fechando o dia estável. A Armac, sua maior concorrente listada, caiu 12,7% hoje, e 70% nos últimos 12 meses.