O Governo Trump está fazendo um recall de quase 30 diplomatas, retirando dos postos veteranos nomeados por Joe Biden e reorganizando missões do Departamento de Estado ao redor do mundo com o objetivo de promover o America First.

Os chefes das representações em pelo menos 29 países foram informados de que permanecerão nos postos até janeiro.

De acordo com a Associated Press, todos foram nomeados nos anos Biden e haviam sobrevivido aos “expurgos” feitos nos primeiros meses do segundo mandato de Trump.

Os embaixadores dos EUA são nomeados pelo Presidente e confirmados pelo Senado, de maneira similar ao que ocorre no Brasil. Ficam no cargo, em geral, de três a quatro anos.

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A associação dos diplomatas de carreira afirmou que esta é a primeira vez que ocorre uma convocação em massa de servidores que atuavam como embaixadores ou chefes de missão.

“Os afetados relatam terem sido notificados abruptamente, geralmente por telefone, sem qualquer explicação,” disse ao New York Times Nikki Gamer, porta-voz da American Foreign Service Association. “Esse método é altamente irregular.”

O Governo Trump não fez nenhum anúncio oficial nem ofereceu justificativas, segundo o Times.

“É um procedimento padrão em qualquer governo,” disse o Departamento de Estado em comunicado, depois dos questionamentos da imprensa. “Um embaixador é um representante pessoal do Presidente, e é direito do Presidente garantir que haja pessoas nesses países que promovam a agenda ‘America First’.”

Não se sabe o número exato de embaixadores removidos, mas uma lista oficiosa tem circulado entre diplomatas.

Os destituídos estão, na maioria, em postos na África Subsaariana – Burundi, Camarões, Cabo Verde, Gabão, Costa do Marfim, Madagascar, Ilhas Maurício, Níger, Nigéria, Ruanda, Senegal, Somália e Uganda – e na Ásia – Fiji, Laos, Ilhas Marshall, Nepal, Papua Nova Guiné, Filipinas, Sri Lanka e Vietnã.

O recall afeta ainda a Europa (Armênia, Macedônia do Norte, Montenegro e Eslováquia), o Oriente Médio (Argélia e Egito), além de América Central (Guatemala) e América do Sul (Suriname).

Trump tem se dedicado a afastar os indicados por Biden, mas ao mesmo tempo há dezenas de postos aguardando a nomeação de um embaixador – como é a situação no Brasil.

“Temos cerca de 80 embaixadas vagas,” disse ao Politico a senadora democrata Jeanne Shaheen, integrante da Comissão de Relações Exteriores do Senado. “Enquanto isso, o Presidente Trump está entregando a liderança dos EUA à China e à Rússia ao remover embaixadores de carreira qualificados que servem fielmente, independentemente de quem esteja no poder.”

A representação dos EUA em Brasília é atualmente chefiada pelo Chargé d’Affaires – encarregado de Negócios – Gabriel Escobar, que atua como o principal diplomata americano no País.