NOVA YORK — A Faculdade de Medicina Albert Einstein, no Bronx, recebeu esta semana uma doação de US$ 1 bilhão com apenas uma destinação: cobrir as mensalidades de todos os alunos, atuais e futuros.
Foi a maior doação a uma escola de medicina nos Estados Unidos e uma das maiores entre todas a doações a universidades, aparentemente perdendo apenas para o gift de US$ 1,8 bilhão que Michael Bloomberg deu à Johns Hopkins.
A novidade foi contada aos alunos pela própria doadora, a Dra. Ruth Gottesman, de 93 anos, uma pediatra e professora emérita que dedicou seus 55 anos de carreira à faculdade, onde hoje é a chair dos trustees.
Falando a um auditório lotado, Ruth disse que a partir de agosto todas as mensalidades estarão cobertas, e os alunos do quarto ano serão reembolsados pelas mensalidades do atual semestre. O vídeo com a reação dos estudantes viralizou.
“As novas gerações poderão avançar em pesquisas e cuidados com pacientes, livres do fardo do endividamento esmagador dos empréstimos,” disse o médico Yaron Tomer, diretor da faculdade.
Ruth é a viúva de David “Sandy” Gottesman, o fundador da First Manhattan Company, um investment adviser que administra cerca de US$ 20 bilhões de clientes.
David era amigo de Warren Buffett desde a década de 60, e fez fortuna como um dos primeiros investidores da Berkshire Hathaway, tendo servido como board member de 2003 até sua morte em 2022, aos 96 anos.
“Talvez não exista melhor retorno na história de Wall Street, do que qualquer ação guardada por 44 anos,” David escreveu em 2012, referindo-se às ações da Berkshire, que na época já haviam rendido seis mil vezes a aplicação inicial.
Sandy deixou seu portfólio para a esposa, com apenas uma diretriz: “Use como você achar melhor.”
A doação chamou atenção em Nova York por beneficiar uma faculdade que opera no Bronx, a região mais pobre da cidade, onde figuram os piores índices de saúde do país, incluindo mortes prematuras, obesidade, internação por doenças preveníveis, gravidez na adolescência e consumo de cigarro.
No último ciclo de admissões, a Albert Einstein aprovou 193 alunos, ou 2% dos nove mil candidatos. (A faculdade já prevê aumentar sua equipe de admissões.)
Além disso, o médico Philip Ozuah, CEO do hospital Montefiore, ligado à faculdade, disse que a doação “poderá assegurar a perpetuação dos avanços médicos por tempo ilimitado.”
Ruth entrevistava candidatos às vagas e sabia que a anuidade de US$ 59 mil deixava metade deles endividados em cerca US$ 200 mil ao fim do curso.
“Nossos formandos saem como cientistas perfeitamente treinados e médicos compassivos e conhecedores, com experiência para encontrar novas maneiras de prevenir doenças e fornecer os melhores cuidados de saúde às comunidades aqui no Bronx e em todo o mundo”, disse a Dra. Ruth.
Ela ingressou nesta faculdade em 1968, atuando no Centro de Avaliação e Reabilitação Infantil, numa época em que muitas dificuldades de aprendizagem não eram reconhecidas ou diagnosticadas. Ali, ela desenvolveu modalidades de triagem, avaliação e tratamentos que hoje beneficiam milhares de crianças. Em 1992, ela ainda iniciou o Programa de Alfabetização de Adultos, o primeiro do gênero, ainda em funcionamento.
“Sou muito grata ao meu falecido marido, Sandy, por deixar esses fundos sob meus cuidados, e sinto-me abençoada por ter o grande privilégio de fazer esta doação para uma causa tão nobre,” diz ela.
Esta não foi a primeira doação dos Gottesman à faculdade. Em 2008, Sandy e Ruth doaram US$ 25 milhões para a criação de um instituto regenerativo e de pesquisa com células-tronco que levam seu nome.
Entre outras colaborações filantrópicas do casa, estão uma ciclovia de 42 quilômetros em Jerusalém, e o notável Gottesman Hall of Planet Earth, no Museu de História Natural de Nova York.
No entanto, Sandy gostava do anonimato. Segundo ele, “a baleia só é capturada quando aparece fora d’água.”
Grande Sandy.