Sérgio Mattos, o ‘Serginho’, que fundou a agência 40 Graus e fez fama no mundo da moda como caçador de talentos, agente de modelos e empresário, morreu na terça-feira no Rio de Janeiro, vítima de problemas renais.  Ele tinha 62 anos.

Apesar de frequentemente apontado como “o homem que lançou Gisele Bündchen”, ele mesmo afirmava apenas ter acompanhado, nos anos 1990, a então jovem modelo em sua primeira viagem internacional. Quem levou a gaúcha ao status de “übermodel” foi o americano John Casablancas, morto em 2013 e dono da Elite Models, para quem Sérgio trabalhava na filial brasileira da empresa.

Ainda que sem Gisele, seu portfólio de descobertas incluiu nomes do calibre de Isabeli Fontana, Ana Beatriz Barros, Raica, Paulo Zulu, o ator Cauã Reymond e Jesus Luz, o ex de Madonna. Sérgio também trabalhou para a agência Next antes de fundar em 2004 a 40 Graus, hoje a maior do Rio.

Baiano, o empresário cresceu no Rio de Janeiro. Estudou Jornalismo na UFRJ e começou na moda em 1988 como caça-talentos da Elite, viajando o Brasil em busca de “new faces”. 

Serginho morava em São Paulo quando Eli Hadid, hoje dono da Mega Models, o tirou da Elite para abrir no Rio o escritório de sua então agência, a Class. Depois a Class virou a Ford Models Rio, e a parceria continuou.

“Era um batalhador, um cara que desenvolveu o mercado no Rio,” Eli disse ao Brazil Journal. “Nunca montei a Mega no Rio por causa dele, porque ele era um grande parceiro.”  

Serginho logo se tornou uma daquelas figuras esfuziantes da vida carioca. Chamava os amigos de “power”, circulava pelas baladas do momento, gostava de festas e era personagem das colunas sociais – sempre acompanhado por um entourage de gente jovem e bonita. 

Ex-modelo, fotógrafa e assessora de marcas de moda, a carioca Elza Barroso descreve o amigo como divertido e profissional. “Ele sabia exatamente o perfil do modelo ideal para o meu estilo de trabalho. Era um craque – e também uma festa”. 

“Serginho tinha um excelente olho clínico para descobrir  modelos, principalmente masculinos,” disse Patrizia Ramalho, uma consultora de moda e pioneira na produção de desfiles no Brasil. “Ele era cobiçado pelas grandes agências, mas preferia trabalhar mais solto, no seu próprio ritmo.” 

Sergio chegou a ensaiar uma sociedade com Mario Testino – o fotógrafo peruano famoso pelos editoriais de moda com clima hedonista e retratos de super celebridades. Iam abrir uma agência para modelos masculinos, mas o projeto não vingou. 

A última aparição de Sérgio foi social e aconteceu na TV. Ele participou do remake de “Vale Tudo”, como convidado do casamento da vilã Odete Roitman (Débora Bloch) com seu “boy magia”, César Ribeiro (Cauã Raymond).