Gilberto Faiwichow — que co-fundou o Banco Rendimento e amava os estudos e esportes — faleceu hoje depois de três anos lutando contra um câncer agressivo. Ele tinha 67 anos.

Gilberto se formou em engenharia metalúrgica pela POLI e começou sua carreira como engenheiro, trabalhando na MetalPó. 

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Aos 27 anos, resolveu pivotar a carreira e foi fazer um MBA na NYU.

Quando voltou ao Brasil, conseguiu um emprego na Capital Tech, trabalhando com Marcelo Medeiros. De lá, foi para o ING, onde trabalhou na tesouraria com operações de câmbio e títulos de dívida, reportando-se a José Berenguer, o então tesoureiro. 

Sua grande tacada foi cofundar o Banco Rendimento, onde foi por anos o chefe da tesouraria. O banco teve sucesso moderado, mas rendeu um bom retorno a Gilberto quando ele saiu da operação.

Mais tarde, Gilberto trabalhou também na trading company da Cargill, junto com João Cesar Tourinho, antes de se juntar a Jair Ribeiro no Indusval, como CFO. Na covid, decidiu se afastar do mercado e se limitou a tocar seus próprios investimentos. 

“O Gilberto era um excelente trader porque juntava a visão de trading e de economia com um foco intelectual extremamente profundo,” disse Roberto Ruhman, um amigo de infância que também fez carreira no mercado como sócio do Banco Matrix. “Era um cara que lia de tudo: de ciência a economia, de política a história.”

Ruhman diz que Gilberto era uma pessoa que conseguia unir uma combinação rara: tinha um gênio “um pouco intempestivo, mas ao mesmo tempo era muito querido por várias pessoas que conviviam com ele.”

Jair Ribeiro, outro grande amigo de Gilberto, disse que “você sempre podia esperar dele uma posição franca e honesta. Ele era intelectualmente honesto a tal ponto de algumas pessoas o acharem áspero, mas era só honestidade brutal,” disse Jair.

Nascido numa família judaica de origem russa de classe média, Gilberto Faiwichow era filho de Guido e Ceci. Seu pai foi um médico pediatra conhecido e participou da fundação do Hospital Albert Einstein, onde a mãe de Gilberto foi voluntária durante anos. 

Fora do mercado, amava os esportes. Era especialmente apaixonado pelo ciclismo, tendo feito vários triathlons e completado um ‘Iron Man’, a prova de resistência física de 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida. 

Bianca Faiwichow, sua filha mais velha, disse que o pai, “como qualquer pessoa inteligente, era muito complexo. Muito dedicado à família, mas do jeito dele,” disse ela.

Graças a essa personalidade, Gilberto estudou tudo sobre sua doença, a ponto de saber detalhes técnicos sobre o tratamento e discutir quase de igual para igual com os médicos, disse a filha.

“No final, ele tinha plena consciência do momento que passava, tanto que pediu para ser sedado. Era um jeito muito racional de ver a vida,” disse ela. “Ele falou para a gente que não tinha medo da morte. Que apesar de jovem, teve uma vida muito intensa e aproveitou muito.”

Gilberto deixa a esposa, a arquiteta Fernanda Marques, e três filhos: Bianca, Alice e Gabriel.