O Mercado Livre se tornou hoje a companhia mais valiosa da América Latina, deixando a Petrobras em segundo lugar. 

A companhia de e-commerce e pagamentos fundada por argentinos e brasileiros há exatos 25 anos atingiu hoje um valor de mercado de US$ 93 bilhões – comparado a US$ 86,8 bilhões da estatal – depois que sua ação disparou 10% na Nasdaq.

Não foi o único marco.

Ontem, o MELI reportou um segundo tri bem acima das expectativas e ultrapassou o Carrefour Brasil em vendas, tornando-se o maior varejista do País.Mercado Livre

“Estamos tendo crescimento de startup, mesmo com uma base gigantesca,” Fernando Yunes, country manager do Brasil, disse ao Brazil Journal, chamando o momento da empresa de “impressionante.”

O GMV do MELI no Brasil subiu 37% na comparação anual – o País representa cerca de 50% das vendas de todo o grupo. Este é o maior ritmo de crescimento desde 2021, quando a pandemia acelerou as vendas.

As vendas brutas alcançaram R$ 33 bilhões no trimestre, a companhia disse ao Brazil Journal – ultrapassando o top line do Carrefour, que foi de R$ 30,5 bilhões no trimestre, 4,9% acima do mesmo período do ano passado. 

O GMV do MELI na América Latina subiu 20% na comparação anual para US$ 12,6 bilhões – o consenso Bloomberg estimava US$ 11,7 bilhões. 

O lucro líquido consolidado chegou a US$ 531 milhões – mais que o dobro registrado um ano antes e 32% acima da estimativa dos analistas. 

O diretor de RI do MELI, Richard Cathcart, disse que o crescimento das vendas foi puxado pela contínua migração de clientes do varejo físico para o e-commerce.

Prova disso foi o aumento de 22% nos compradores únicos no Brasil, a maior taxa desde o primeiro tri de 2021. Na América Latina, a alta foi de 19%, alcançando 56,6 milhões de clientes. 

Esses clientes também estão comprando mais: o número de pedidos feitos subiu 37% no Brasil e 29% no consolidado. 

Segundo Yunes, o Mercado Livre se tornou o líder em praticamente todos os segmentos em que atua, com destaque para smartphones e laptops. 

A linha branca ainda é uma das exceções, mas o executivo diz que a empresa vem investindo muito para se tornar líder neste segmento no futuro. “Esse foi o segmento em que mais ganhamos market share, mas a base ainda é baixa,” disse Yunes. “Mas estamos criando toda uma logística para crescer essa categoria como um todo.” 

É possível manter este ritmo de crescimento nos próximos trimestres? 

Segundo Yunes, é possível acreditar que sim dada a baixa penetração do e-commerce no Brasil – cerca de 15% das vendas – e também pelo crescimento de áreas que ainda têm um tamanho tímido, como a de supermercados. 

Já o Mercado Pago reportou uma alta de 37% na base de usuários ativos ano contra ano, alcançando 52 milhões, e de 51% na carteira de crédito no mesmo período, a US$ 4,9 bilhões. 

A inadimplência entre 15 a 90 dias foi de 8,2%, uma melhora de 1,1 ponto na comparação trimestre a trimestre. Já o NPL acima de 90 dias piorou de 17,9% para 18,5%. 

Segundo Cathcart, a melhora da inadimplência de curto prazo mostra um cuidado maior da companhia na hora de dar crédito. “O NPL que olhamos bastante é o de 15 a 90 dias, pois dá uma visão melhor da nossa carteira, que tem um duration curto, de dois a três meses,” disse. 

No sellside, o Santander reiterou a recomendação de compra na ação com relatório intitulado “When ‘outperform’ feels right”. O preço alvo é de US$ 2.100.  O papel negocia a US$ 1.778. 

A Goldman também reiterou o buy – alvo de US$ 2.180e disse que a forte alta do GMV deve continuar no segundo trimestre. 

Abaixo o fundador Marcos Galperin comemora o aniversário da empresa. 

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