A Media Hero — uma startup que usa AI para mensurar o retorno do investimento em marketing e com isso ajuda na alocação de recursos dos CMOs — acaba de vender metade de seu capital para a UNLK, uma gestora especializada em mídia fundada pelo ex-CEO da Eletromidia.
A UNLK — que também tem o fundador da Squid, Felipe Oliva, como cofundador — avaliou a Media Hero em mais de R$ 100 milhões (post-money), numa transação com tranches primária e secundária.
A secundária deu saída total a Gustavo Ioschpe, o fundador da Big Data, que havia entrado na Media Hero em sua fundação por meio de um acordo de transferência de tecnologia.
Ioschpe transferiu tecnologias de processamento e bases de dados que ele havia construído ao longo de anos para a Media Hero em troca de equity.

Esta é a segunda captação da Media Hero, que já havia feito uma rodada seed com investidores-anjo e com a Lanx Capital, de Marcelo Medeiros e Marcelo Barbará. A Lanx e os anjos continuam acionistas.
Fundada em 2023, a Media Hero é fruto das mais de duas décadas de experiência de Marcelo Ferronato, que trabalhou na Procter & Gamble, McDonald’s, Burger King e Red Bull.
“Quando eu era estagiário de marketing da Procter eu ouvi uma pergunta de um diretor financeiro numa reunião que me perseguiu por toda a minha carreira: ‘se a gente cortar R$ 10 milhões de uma campanha na TV, quantos shampoos a menos vamos vender?’”, disse o fundador.
“Parecia uma pergunta simples, mas ninguém conseguiu responder. E depois, ao longo da minha carreira, vi que esse era um problema enorme de todas as empresas. Ninguém conseguia mensurar direito o retorno dos investimentos em marketing.”
Segundo Ferronato, o que as grandes empresas faziam é contratar consultorias, que criavam modelos econométricos para tentar achar a relação entre os investimentos em marketing e as vendas. “Mas esses estudos são complexos, caros, demorados e desconectados da realidade das empresas,” disse ele.
A Media Hero quer ser uma alternativa a isso, com um software que se ‘pluga’ aos dados de negócios das empresas e consome dois anos de dados diários de vendas.
Depois disso, faz uma análise das variáveis externas que têm impacto positivo ou negativo nas vendas — como fatores macroeconômicos, preço, lançamentos de produtos e aberturas e fechamentos de lojas — e dos investimentos de mídia em cada um dos diferentes canais.
Por fim, o software cruza todos esses dados com uma base de dados proprietária, que usa informações do IBGE e Google Trends, por exemplo.
“Com isso, montamos um modelo que vai ter dados de negócios, dados granulares de mídia e dados contextuais do país e do setor, e treinamos uma AI para entender como a venda responde a cada um desses fatores,” disse Ferronato.
O software da Media Hero também tem uma solução de forecast de vendas e de planejamento de alocação de mídia.
Nessas frentes, a startup faz uma projeção de qual seria a venda orgânica basal da companhia em determinado mês, com base nos fatores externos, e sugere uma campanha de mídia para o mês, indicando quanto as vendas poderiam aumentar com isso.
“Quando o cliente executa esse plano, os resultados têm batido muito com nossas projeções,” disse o fundador, acrescentando que a taxa de acurácia é superior a 90%.
Desde que foi fundada, a Media Hero já analisou mais de R$ 11 bilhões em investimentos de mídia para seus clientes, uma lista que inclui gigantes como o Nubank, McDonald’s, Grupo Boticário, Mitsubishi, Natura e Localiza.
Segundo o fundador, a startup entregou um resultado incremental de mais de R$ 1 bilhão para esses clientes, seja por meio do aumento de vendas ou da economia no orçamento de mídia.
Segundo Ferronato, o ROI de mídia dos clientes têm aumento em 40% em média com o uso da ferramenta, e o CAC tem tido reduções médias de 30%.
A startup opera num modelo de assinatura, cobrando um fee fixo mensal dependendo da quantidade de objetivos de negócios que a empresa quer otimizar. Se ela quer aumentar a venda de shampoos, é cobrada uma assinatura. Se quer aumentar a venda de shampoos e de barbear, são duas assinaturas.
A Media Hero é o segundo investimento da UNLK. Fundada este ano, a gestora levantou R$ 150 milhões e, em outubro, pagou R$ 45 milhões pela Wake Creators, que pertencia à LWSA, a antiga Locaweb.
Eduardo Alvarenga, o fundador da UNLK, disse que a gestora vem acompanhando a Media Hero há mais de um ano e decidiu investir na startup porque ela endereça um dos problemas mais latentes do setor.
“O mercado está cada vez mais complexo na tomada de decisão. Não dá para voar mais só no visual, tem que ser no instrumento,” disse Alvarenga. “Tem uma pluralidade de opções cada vez maior e é preciso ter ciência para ajudar nesse processo de alocação de recursos.”
Para o gestor, a Media Hero funciona como um copiloto dos CMOs, ajudando-os nas tomadas de decisão com dados em tempo real.
“Na diligência, conversamos com vários clientes deles e todo mundo está muito impressionado com os resultados. Ano a ano os clientes têm aumentado os investimentos na Media Hero, o que é a melhor sinalização de que o negócio gera valor.”
Após a transação, a UNLK e o fundador vão exercer juntos o controle da startup.






