Dona de uma trajetória ímpar e de uma biografia que a coloca como referência mundial em questões ambientais, a ministra Marina Silva diz que governos e empresas precisam fazer sua parte para evitar que as mudanças climáticas gerem consequências drásticas.

“Estamos diante de algo que era impensável, que é a possibilidade de inviabilizar a vida na Terra.”

Pela segunda vez no cargo de ministra do Meio Ambiente, Marina Silva acredita que a sociedade e os cientistas estão fazendo sua parte.

“Quem está em déficit mesmo são os governos e as empresas. É preciso correr atrás do prejuízo”, disse a Nilton Bonder neste episódio de The Business of Life.

“Temos que evitar o ponto de não retorno. Não só em relação ao clima, mas também à biodiversidade, às águas e às florestas de modo geral”.

Ao longo do episódio, Marina falou ainda sobre sua infância difícil – ainda criança, foi seringueira e sobreviveu a hepatites, leishmaniose e contaminação por antimônio – e como seus planos mudaram quando teve contato com o líder seringueiro Chico Mendes.

Nascida em um seringal na zona rural de Rio Branco, no Acre, Mariana Silva começou a cortar seringa aos 10 anos para ajudar seus pais. Quando tinha 14 anos, sua mãe faleceu.

Pouco depois, Marina contraiu hepatite – a primeira de três – e decidiu ir para Rio Branco cuidar da saúde e se alfabetizar (ela só foi à escola aos 16 anos).

“Fui adoentada e sozinha para a cidade porque meu pai tinha ficado viúvo e precisava cuidar dos outros irmãos. Éramos em 8.”

Na capital, procurou duas coisas: uma escola e uma igreja católica, para que a encaminhasse para o convento. Hoje Marina é evangélica, mas, por influência de sua avó, católica praticante, pensou em ser freira ainda na adolescência.

Um dia, viu um cartaz na igreja que falava sobre um curso de liderança sindical rural, com a presença do líder seringueiro Chico Mendes e do teólogo Clodovis Boff. Depois disso, sua vida mudou.

Marina Silva desistiu de ser freira e começou a se engajar na luta social. Formada em História na Universidade Federal do Acre, deu início à sua vida pública aos 28 anos. Aos 30, foi eleita vereadora, depois deputada estadual e, aos 35, a mais jovem senadora.

Apesar da grave situação atual do meio ambiente, ela diz ter esperança. Há 20 anos, quando foi ministra pela primeira vez e visitou os Estados Unidos, disse que era “quase uma blasfêmia” falar sobre clima e biodiversidade com o então presidente George Bush.

“Passados 20 anos, voltei com Lula e a maior parte dos nossos encontros com Biden foi falando sobre meio ambiente e mudanças climáticas. Há esperança sim.”

Em The Business of Life, o rabino e escritor Nilton Bonder conversa com personalidades de sucesso para abordar suas histórias em diferentes dimensões.

Entre os entrevistados em episódios anteriores, estão Pedro Bial, Abilio Diniz, Nora Rónai, Roberto Medina, Nelson Motta, Regina Casé, Luiza Trajano e Wagner Moura. Veja a lista completa.

The Business of Life também está disponível em VideoCast: