A Marfrig Global Foods acaba de reportar o melhor trimestre de sua história, ajudada pelo aumento do preço da carne nos EUA — que responde por 86% do EBITDA — e contínuas melhorias operacionais na América do Sul.
A segunda maior produtora de carne bovina do mundo teve receita, lucro e margens recordes, e o EBITDA veio 30% acima do analista mais otimista do sellside.
O lucro líquido consolidado subiu quase 20 vezes, passando de R$ 87 milhões para R$ 1,6 bilhão, e a receita líquida aumentou 54%, atingindo R$ 18,9 bilhões.
O EBITDA foi de R$ 4 bilhões, com margem de 21,5% (12,5 pontos acima do mesmo período do ano passado).
A Marfrig comprou melhor, processou melhor e vendeu melhor — refletindo o resultado das melhorias operacionais sendo implementadas desde o ano passado.
No Brasil, enquanto o volume físico de exportações aumentou 18%, a Marfrig cresceu 31%. E enquanto o mercado ajustou em 11% os preços médios, a Marfrig conseguiu subir 16%.
Ao longo do ano passado, a Marfrig habilitou quatro novas plantas para exportação para a China (chegando a um total de sete) e desativou três plantas ineficientes no Brasil. “Hoje, a empresa abate em 11 plantas o mesmo que abatia em 14,” disse Miguel Gularte, o CEO da Marfrig América do Sul.
Mas o impacto da covid no mercado americano — onde a Marfrig tem de longe sua maior operação na National Beef — fez muita diferença.
O segundo trimestre foi uma anomalia para todas as produtoras de carne nos EUA. Com o absenteísmo da mão de obra, as paradas causadas por infecções entre funcionários e o fechamento do mercado de food service, a indústria chegou a operar com 55% da capacidade.
O preço do boi in natura desabou, e o da carne processada explodiu — com a indústria conseguindo capturar boa parte desse spread.
O resultado foi uma margem EBITDA de 23,7% na operação da América do Norte, 13,2 pontos acima na comparação anual.
Infelizmente para o controlador Marcos Molina, essas margens não são sustentáveis e devem voltar aos patamares do terceiro trimestre de 2019 nos próximos tris, disse o CEO da Marfrig América do Norte, Tim Klein.
Com a geração de caixa livre do período — R$ 3,3 bilhões — a Marfrig também conseguiu reduzir sua alavancagem em dólar para o menor patamar da história: passando de 2,84x o EBITDA no primeiro tri deste ano para 1,79x ao final de junho.