A Neoenergia acaba de pagar R$ 2,51 bilhões pela Companhia Energética de Brasília (CEB), um preço imediatamente tachado de “irracional” por analistas e gestores.
 
A companhia perdeu 4,3% na primeira hora de pregão.
 
O valor oferecido pela Neoenergia — controlada pela Iberdrola e Previ — é um prêmio de 76% sobre o preço mínimo e 3,2x a base de ativos regulatórios (RAB) da CEB, a estatal que distribui energia no Distrito Federal.  Para efeito de comparação, a Neoenergia negocia a 2,35x RAB.
 
O preço pago dificulta a rentabilização do investimento mesmo se a Neoenergia obtiver ganhos consideráveis na redução de perdas e custos na CEB.
 

A Equatorial apresentou um envelope com uma oferta de R$ 1,485 bilhão, pouco acima do mínimo.

 
A CPFL Energia — controlada pela State Grid chinesa — entrou na briga, mas parou em R$ 2,508 bilhões.

 
Mesmo antes do leilão, diversos analistas de bancos diziam que o preço mínimo pedido pela CEB era esticado.
 
A Energisa, que o mercado esperava que participasse, ficou de fora.  Uma fonte próxima à companhia disse que, depois de muitos estudos, a companhia dos Botelho não conseguiu justificar o preço mínimo.
 
A venda da CEB vai pendurar seu retrato na galeria de leilões em que multinacionais pagam preços absurdos — uma síndrome que teve seu paroxismo quando a ENEL italiana pagou pela CELG um ágio de 30% apesar de ser a única empresa a aparecer no leilão.  Por trás do problema: incentivos desalinhados entre matriz e filial.
 
Em 2018, a Neoenergia se estapeou com a ENEL pelo controle da Eletropaulo. A disputa começou quando a Energisa fez uma oferta a R$ 19,38 por ação. O leilão terminou meses depois com a Enel pagando R$ 45,22 por ação, o equivalente a 2,12x EV/RAB.