A pizzaria carioca Mamma Jamma se encontrava numa encruzilhada: precisava de dinheiro para fermentar o seu negócio, mas com a Selic nas alturas não achava opções razoáveis para tomar crédito bancário.
A saída era emitir um CRI, mas havia um outro problema: todos os imóveis da empresa – 11 lojas e duas dark kitchens – são alugados. Poucos meses atrás, no entanto, uma nova resolução da CVM passou a permitir a emissão de CRIs com lastro nos aluguéis.
Com isso, a companhia conseguiu tirar do forno um CRI de R$ 30 milhões a CDI + 6%. A empresa chegou a marcar reuniões com 11 fundos, mas na primeira conversa resolveu a situação: a Polo Capital encarteirou toda a emissão, disse Marcello Poltronieri, sócio e fundador do Grupo Noz, a holding que controla a Mamma Jamma.
Agora, a empresa se prepara para usar o restante de seu caixa para inaugurar pelo menos seis lojas e duas dark kitchens no ano que vem. O Grupo Noz deve encerrar este ano faturando R$ 120 milhões e prevê chegar a R$ 190 milhões em 2023.
A expansão não vai se dar apenas no Rio de Janeiro. A Mamma Jamma já tem unidades em Salvador e Campinas e prevê chegar ao Recife no ano que vem. Outros locais já estão em estudo, mas São Paulo deve ficar para 2025.
A demora seria por causa de um possível preconceito dos paulistanos com a pizza carioca? Poltronieri diz que não; para ele, há outros lugares com oportunidades maiores.
De qualquer forma, o Grupo Noz está atento ao gosto paulistano: desde o início a Mamma Jamma decidiu não disponibilizar catchup em seus restaurantes.
“Foi uma conversa que tivemos desde a fundação e optamos por não colocar, o que gerou algumas reclamações,” diz Poltronieri. “A saída foi disponibilizar mais de 16 tipos de azeite aos clientes, o que virou a nossa marca registrada.”
A empresa já está à procura de um sócio e contratou a boutique de investimento Capita Partners para organizar o processo. De acordo com o empresário, já existem interessados em uma fatia da companhia.
Se isso não acontecer em breve, uma novo CRI pode ser a saída. De acordo com o advogado Cláudio Miranda, que liderou a emissão no Chalfin Goldberg Vainboim, trata-se de uma saída fundamental diante da inviabilidade de crédito no setor bancário. “É um modelo que está em voga e com o mercado aquecido,” disse Miranda.