Duas startups estão juntando forças para ganhar escala num mercado brutalmente competitivo que se tornou ‘atividade essencial’ no último ano: o delivery de comida.

A Mimic e a Garden Brands acabam de anunciar uma fusão que vai criar uma empresa com faturamento bruto anual de R$ 100 milhões e mais de 130 mil pedidos entregues por mês.

A Mimic opera o delivery de restaurantes como a hamburgueria Patties — que virou uma febre em São Paulo nos últimos anos — a pizzaria Bráz Elétrica, o Guarita Burger, além da rede de cafeterias The Coffee.

O modelo é de licenciamento: a Mimic cuida de todo o delivery das marcas em suas cozinhas industriais — que ela chama de hubs — e paga aos donos dos restaurantes um royalty mensal sobre as vendas.

Já a Garden Brands é dona das marcas Sushi Garden One e Poke Garden. A Poke tem três restaurantes físicos, enquanto a primeira opera apenas no delivery.

A fusão vai dar origem a uma nova companhia, a Eatopia, que terá como sócios os três fundadores da Garden — Ricardo Leme, Norberto Costa e Rafael Almeida — e o cofundador da Mimic, Jean Paul Maroun.

Para estruturar o negócio, os quatro empreendedores estão comprando as participações dos demais acionistas da Mimic — o cofundador Andres Andrade e os fundos Monashees, Valor Capital e Canary, que haviam investido na empresa numa Série A em 2019.

A saída dos fundos teve a ver com um movimento societário que aconteceu nos últimos meses.

A Mimic havia desenvolvido um software de gestão dos pedidos de delivery. Andres fez o spinoff deste software, dando origem a uma nova empresa, a ZAK, que acaba de fazer uma rodada com a Tiger Global. Os fundos decidiram continuar sócios do negócio de software e vender sua participação no business de cozinhas.

Juntas, as duas marcas somam 12 cozinhas espalhados por São Paulo, Santo André e Campinas. Com a fusão, a ideia é abrir mais cinco, fechar novos contratos de licenciamento e criar outras cinco marcas próprias de delivery.

Duas dessas marcas serão lançadas já no primeiro semestre de 2022, e a ideia é que já nasçam com uma capilaridade significativa, sendo distribuídas pela maior parte das 12 cozinhas da empresa.

A tese da Eatopia é que, ao compor um mix de marcas próprias e licenciadas que atendem a demanda de uma região, ela consegue potencializar a lucratividade dos hubs.

“Os custos fixos são diluídos porque temos três, quatro restaurantes operando no mesmo espaço,” Ricardo disse ao Brazil Journal. “A mesma pessoa que está fazendo uma determinada tarefa para o Poke Garden pode fazer pro Sushi Garden One, por exemplo.”

Esse modelo permite que a empresa entre em cidades menores, onde a demanda muitas vezes não justifica os custos de instalar uma operação de delivery para um único restaurante.

“Uma cidade como Limeira não tem o mesmo nível de demanda para uma marca de hambúrguer do que São Paulo. Então você precisa complementar o faturamento da sua marca de hambúrguer com outras marcas para ter um faturamento que justifique os custos de ter o hub lá.”

Com a expansão, o plano da Eatopia é dobrar o faturamento e o número de pedidos no ano que vem.

“Queremos mudar a forma como as pessoas enxergam uma cozinha… Uma fábrica da Unilever produz vários produtos diferentes dentro da mesma fábrica. O que estamos fazendo é pegar esse conceito industrial e trazer pra dentro da cozinha,” disse Jean.