Uma nova regra aprovada hoje pela Aneel deve aumentar o EBITDA da Light em pelo menos R$ 200 milhões por ano e gerar um valor presente líquido de R$ 500 milhões para os acionistas da companhia, que fechou o dia valendo R$ 4,6 bi na Bolsa.

As contas preliminares são do Itaú BBA, que acabou de publicar um relatório sobre o assunto.

A Aneel alterou a forma como calcula as chamadas ‘perdas não- técnicas’ (o roubo de energia) e estabeleceu exceções para áreas de risco, em que é difícil a distribuidora conseguir combater os gatos.

Para entender a realidade de cada empresa, a Aneel aplicou uma métrica inovadora: o índice de entregas bem sucedidas feitas pelo Sedex, o serviço de entrega rápida dos Correios, analisando o CEP de cada bairro.

Pelas regras aprovadas pela Aneel na tarde de hoje, o ponto de partida para apuração das perdas não técnicas na revisão tarifária periódica vai ser composto por 87,5% da meta benchmark do ciclo anterior e 12,5% da média dos últimos três anos, um número que reflete melhor a realidade de perdas das empresas.

Mas nas áreas com “restrições severas de operação” (como áreas dominadas pela milícia ou o tráfico), o ponto de partida vai levar em conta 75% da meta do ciclo anterior e 25% da média dos últimos três anos.

“A Aneel reconheceu que a distribuidora pode estar muito empenhada em reduzir as perdas, mas que tem muita coisa que sai do seu poder,” disse um analista que cobre o setor.

Na ponta do lápis, este analista estima que o regulador “reduziu a distância entre a meta e a realidade das empresas em cerca de um terço.”

A mudança é uma boa notícia para a Light, talvez a distribuidora que mais enfrenta perdas de energia no País.

Hoje, a Light tem uma meta de perda regulatória de 36% e uma perda reportada de 54%. (A perda regulatória é a perda máxima aceita pela Aneel e, como tal, sua ocorrência não é ‘cobrada’ da empresa no cálculo do reajuste tarifário).

Com a mudança da regra, a meta de perda regulatória deverá subir para 42%, reduzindo a distância da meta para o real de 18 para 12 pontos percentuais.

O Itaú BBA calcula que a mudança vai gerar um NPV de R$ 500 milhões para a Light, que terá um reajuste tarifário em abril.