Li Lu é o Warren Buffett da China – nas palavras do próprio Charlie Munger.  

Sua gestora, a Himalaya Capital, administra um long-only focado em ações chinesas, que hoje tem cerca de US$ 15 bilhões depois da correção do mercado chinês nos últimos anos.

boopo li luMunger – o parceiro histórico de Buffett – tornou-se investidor da Himalaya em 2004. Apesar do selo de aprovação dos oráculos de Omaha, o Himalaya ainda é pouco conhecido no Brasil. 

Apenas quatro brasileiros são investidores do fundo, incluindo a Pragma Patrimônio; a WPA, que administra os recursos das famílias fundadoras da WEG; e uma família do Nordeste envolvida em mineração.

Mas isso pode começar a mudar. Caroline Kim, a investor relations da Himalaya, veio ao Brasil esta semana para reuniões com atuais e potenciais investidores.

A gestora, baseada em Seattle, segue a filosofia de ‘value investing’ de Benjamin Graham, Buffett e Munger. Lu é amigo de Munger há duas décadas. Foi ele quem apresentou a Berkshire a empresas chinesas como a Alibaba e a BYD. Munger já disse que Lu é a única pessoa a quem ele já entregou dinheiro para administrar.

A Himalaya não cobra taxa de administração, apenas uma taxa de performance de 25% acima de um ‘hurdle’ de 6%. Seu passivo é majoritariamente formado pelos endowments de escolas das Ivy league.

O fundo hoje está fechado a novos clientes, ma non troppo.

“O cenário chinês mudou muito,” diz um alocador na Faria Lima. “Até pouco tempo atrás, para conseguir entrar num fundo desses o investidor brasileiro tinha que entrar numa fila, implorar, etc. Mas de três anos pra cá, com toda a tensão geopolítica entre China e EUA, os gestores de fundos chineses estão tentando diversificar sua base.”

Li foi um dos estudantes que protestaram contra a ditadura chinesa quando aconteceu o massacre da Praça da Paz Celestial (agora Tiananmen Square), em 1989.

No final de abril de 1989, ele viajou de Nanjing à Praça da Paz Celestial para se juntar ao movimento estudantil. “Uma vez na Praça, você fazia tudo e qualquer coisa que precisasse ser feito,” ele disse numa entrevista. Ele ajudou a organizar a greve de fome dos estudantes e chegou a ser o vice-comandante-em-chefe do movimento na Praça. 

Depois do massacre, Li fugiu para a França e de lá para os EUA. Formou-se na Columbia University em Nova York em maio de 1996 com três diplomas, bacharelado em economia, doutor em Direito e um MBA. 

Munger disse certa vez que Li “é em parte um Warren Buffett chinês, e isso realmente ajuda. Ele está pescando na China, e não neste super-procurado, super-povoado e altamente competitivo mercado dos EUA.”

Mais de 90% do Himalaya está alocado em ações asiáticas e chinesas, mas como a China não exige os mesmos disclosures que a SEC, a carteira do Himalaya não é conhecida, impedindo quem está de fora de saber suas posições.

Mas na pequena parte da carteira que tem que ser publicada – aquela que inclui as ações de empresas nos EUA – a maior posição hoje é no Bank of America (24%), Micron Technology (19%), Alphabet – Class C (17%) e Alphabet – Class A (14%). Outras posições incluem a própria Berkshire, Apple e East West Bancorp.