Depois de um ano para esquecer no setor financeiro, o Itaú BBA disse que está mais otimista e que os valuations deprimidos dos bancos podem ser uma boa janela de entrada para investidores com visão de médio prazo.

“Daqui a um ano, as questões regulatórias já devem estar resolvidas e os lucros crescentes devem impulsionar de novo o preço das ações. A taxa de juros mais baixa também deve acelerar gradualmente o portfólio de crédito e a margem líquida de juros (NIM) via mix,” escreveu o analista Pedro Leduc.

Com essa perspectiva, o Itaú elevou o Bradesco e o Santander Brasi de ‘venda’ para ‘neutro’ e manteve sua recomendação de ‘compra’ para Banco do Brasil, Nubank, BTG e Banco Pan. 

O Itaú colocou um preço-alvo de R$ 16 para o Bradesco, um upside potencial de 12% em relação ao preço de tela, e de R$ 27 para o Santander Brasil, praticamente em linha com os R$ 26,40 de hoje. 

O banco vê o Bradesco negociando a 7x o lucro estimado para o ano que vem e a 0,9x book — o que mostra “um downside limitado,” segundo Leduc. 

O Santander Brasil negocia com múltiplos semelhantes: 1x book e 7x o lucro do ano que vem. 

O Itaú disse que estima um ROE de 13% para o Bradesco em 2024, em comparação aos 11% que o banco deve entregar este ano. O ROE de longo prazo deve ficar em torno de 16%.

No Santander, o ROE do ano que vem deve ficar em 16%, em comparação aos 13% projetados para este ano, estima o Itaú. 

“Muitas das razões por trás da nossa recomendação de ‘venda’ já aconteceram. O Bradesco desacelerou seu crescimento de receita e teve que provisionar mais; as estimativas do mercado já caíram massivamente,” escreveu Leduc. “Mas algumas das preocupações continuam, por isso estamos elevando apenas para ‘neutro’.” 

Segundo ele, o Bradesco terá que trabalhar em suas safras de crédito ruins por mais tempo que os competidores, que já estão mais avançados em reduzir a inadimplência. O Bradesco também tem menos espaço – em termos de provisões e capital – para tomar mais risco com a melhora do ambiente macro. 

“Mas conforme aumentamos nosso horizonte para 2024, nada disso vai ser notícia mais (e esperamos que as discussões regulatórias sobre o JCP e o cap para algumas taxas já tenham se tornado números). As tendências de lucro também devem começar a melhorar no varejo, particularmente no primeiro semestre.”

O Itaú disse que a inadimplência no setor deve começar a melhorar, pois acredita que o pico aconteceu em algum momento deste segundo semestre. 

“O endividamento das famílias continua alto, mas temos começado a ver alguns sinais dos impactos positivos de uma concessão de crédito mais restrita e uma baixa inflação. O cenário é positivo nas margens e deve permitir que os bancos gradualmente re-acelerem em produtos com maior yield,” diz o relatório. 

Leduc disse que soaria como um disco quebrado se dissesse para evitar o setor por conta dos fracos lucros e do ruído regulatório.

“O tom em 2023 continua igual e o terceiro trimestre ainda vai ser desafiador, mas acreditamos que as ações dos bancos estão prontas para reagir.”