Diante da explosão na demanda pelas aplicações de inteligência artificial, a Microsoft elevou de maneira expressiva os seus investimentos em data centers – e o total aplicado deverá chegar a US$ 80 bilhões no atual ano fiscal, que se encerra em junho.

Mais da metade desses investimentos serão feitos nos EUA, disse Brad Smith, o vice-chairman e presidente da Microsoft, em um texto publicado no blog da companhia.

O investimento representa um salto expressivo em relação ao capex de US$ 53 bilhões realizado pela empresa no ano anterior.

O total investido pela Microsoft apenas em data centers equivale a mais de cinco vezes o capex anual da Petrobras, a maior empresa brasileira.

Os novos data centers foram projetados sob medida para os softwares de inteligência artificial.

De acordo com o site The Information, a Microsoft vem relatando a investidores que a demanda por espaço em sua nuvem, a Azure, tem avançado bem acima da oferta nos últimos anos. No último trimestre, a receita da empresa com seus serviços de nuvem aumentou 33%.

No texto, Smith disse que os EUA possuem uma “oportunidade de ouro” de usar a IA para criar empregos e crescimento econômico, e sugeriu políticas ao Governo Trump para que os EUA mantenham a liderança na área.

O executivo listou três grandes objetivos: investir em tecnologia e infraestrutura; disseminar habilidades de IA; e apoiar a exportação de IA.

Para Smith, os EUA terão que preparar os americanos de todas as idades para usar as ferramentas de IA assim como hoje usam computadores, internet e celulares.

“A era do PC e dos celulares criou mais de 1 bilhão de empregos em todo o mundo,” escreveu. “Nos próximos 25 anos, acreditamos que a IA poderá ajudar na criação de 1 bilhões de AI-enabled jobs, não apenas em serviços, mas na indústria, transporte, agricultura, setor público e em qualquer parte da economia.”

Smith também deu peso à relevância geopolítica dos investimentos internacionais das Big Techs.

“O Governo dos EUA, corretamente, protegeu os componentes sensíveis de IA por meio do controle de exportações. Mas um elemento ainda mais importante nessa competição vai envolver a disputa entre os EUA e a China para disseminar as suas tecnologias para outros países,” escreveu Smith.

Para ele, a influência internacional será ganha por quem “fizer mais rapidamente os movimentos iniciais” – e por isso os EUA precisam de uma estratégia internacional para apoiar a IA americana em outros países.

“A melhor resposta dos EUA não será ficar se queixando da competição, mas assegurar a vitória na disputa,” afirmou.

Smith disse que a Microsoft deve investir US$ 35 bilhões em 14 países nos próximos três anos na construção de uma infraestrutura “confiável e segura para a IA” – inclusive em países do Sul Global, “nos quais muitas vezes a China concentra os investimentos de sua iniciativa Belt and Road.

“Devemos esperar que o Governo da China gaste fundos públicos em subsídios para apoiar a adoção de sua tecnologia, particularmente na África, na Ásia e na América Latina,” disse Smith. “Mas será difícil para a China fazer frente aos investimentos do setor privado americano e aos fundos internacionais de capital.”

O executivo lembrou que Google e Amazon também estão fazendo grandes investimentos e citou a parceria da Microsoft com a BlackRock e a MGX, de Abu Dhabi, para financiar investimentos de até US$ 100 bilhões no desenvolvimento da infraestrutura de inteligência artificial e sua rede de aplicações ao redor do mundo.