O Bradesco BBI iniciou a cobertura da Intelbras com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 35, um upside potencial de 34% em relação ao preço de tela.
Para o analista Otavio Tanganelli, a companhia deve conseguir manter sua posição competitiva em seus mercados core — a segurança e a comunicação — ao mesmo tempo em que expande sua penetração no mercado de energia solar, onde entrou há seis anos e que já responde por 27% da receita.
“Além das boas oportunidades de crescimento, a Intelbras está negociando com um desconto de 16% em relação a seus peers, e vemos um bom espaço para esse gap fechar,” escreveu o analista.
Para o Bradesco, o crescimento da Intelbras pode levar a um re-rating da ação, com o múltiplo de 14,5x o lucro deste ano subindo para 19,5x.
O banco compara o múltiplo da Intelbras principalmente com empresas estrangeiras de cada um dos setores em que a companhia atua. No segmento de segurança, alguns peers são a Dahua e a Honeywell; em comunicação, a Cisco, Ericsson e ZTE; em energia solar, a SunPower, Canadian Solar e a WEG. Na média, essas várias empresas negociam a um múltiplo de 17,3x o lucro deste ano.
Para o Bradesco, um dos principais diferenciais da Intelbras é a sua rede de distribuição, que representa uma das principais barreiras de entrada para um novo competidor.
“A companhia tem mais de 500 pontos de venda entre distribuidores parceiros, que compram os produtos e revendem para cerca de 80 mil revendedores, que depois vendem para o consumidor final,” diz o relatório. “A Intelbras também oferece treinamento e programas de partnership para sua rede, fortalecendo a relação.”
O analista nota ainda que a Intelbras tem um sólido track record de crescimento: de 2016 até 2021 a companhia cresceu o top line a uma taxa média anual composta de 22%.
A companhia também conseguiu entrar com sucesso em novos segmentos e desenvolver seu portfólio atual organicamente e com M&As, segundo Otavio.
“Olhando para a frente, continuamos vendo um bom momentum de crescimento, com a empresa ganhando mais exposição ao setor de energia, o que deve sustentar um crescimento médio anual de 16% entre 2022 e 2025.”
O Bradesco ressalta ainda os retornos elevados que a empresa tem entregado, mesmo com a pressão nas cadeias de suprimento nos últimos anos.
No pré-pandemia, a Intelbras operava com um ROIC de cerca de 30%. Nos últimos anos — com as disrupções das cadeias de fornecimento (que aumentaram os custos da operação) e o crescimento da empresa em segmentos novos (que ainda operam com margens menores) — esse ROIC caiu para algo em torno de 20%.
O Bradesco disse que ainda vê esse nível de retorno como positivo e acha que a Intelbras deve continuar operando com esse ROIC forte nos próximos anos.
O principal risco para a tese é basicamente a execução. Como as estimativas de crescimento para a empresa são muito altas, “o maior risco para a ação é a empresa não conseguir cumprir essas expectativas.”
Se a Intelbras fizer um CAGR de 9% no período de 2022 a 2025, em vez dos 16% que o Bradesco está prevendo, por exemplo, o preço-alvo da ação cairia de R$ 35 para R$ 24 — abaixo do valor em que a ação negocia hoje.
Outro risco é a rentabilidade dos novos negócios, especialmente a vertical de energia, que opera com margens menores. Se a Intelbras não conseguir melhorar o retorno desses negócios com o tempo, eles podem afetar a lucratividade de toda a companhia.
A Intelbras vale R$ 8,5 bilhões na Bolsa.